quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Despedida

A quem interessar, possa

Se a dura desgraça vier

Lembra-me da bela bossa

Antes da fossa qualquer


Lembra-me do abraço doce

Força-me a esquecer os medos

Que eu veja a beleza nos anéis

pelos quais me cortam os dedos


E quando baterem-me à porta

os quatro cavaleiros vis

Lembra-me da verdade

nos baús das mentes senis


Lembra-me o que vem no cálice

Do sangue, do vinho tinto

Que baste pra apaziguar no peito

A dor e a tristeza que sinto


E quando amada liberdade

Lançar suas correntes sobre nós

Falem-me as palavras banidas

por todos aqueles sem voz


Máscaras de morte incerta

Lápides de nomes negados

No desvanecer da existência

De volta ao armário, enterrados


Desaparecerei em flores

Mais um segredo velado

No último suspiro das cores

Lembra-te do meu legado