domingo, 9 de dezembro de 2007

Amarga Vodka - A ti... Meu Poeta II

Um momento.
Uma dose a mais
E o poeta se vai
E a poesia se desfaz

Palavras vazias
Tudo o que ostentaste
Entre goles e versos tentaste
Ser mais do que nunca sonhaste

Vi pelo álcool
Quem és realmente
E vi que mil versos
Escrevi-te inutilmente

Vi que se perdeu
Em teu ser e corpo embriagados
Uma sorte de versos tão belos
Que a outro eram dedicados

Em ti deixei perderem-se
Minha poesia e meu ser
Pra só pelo álcool enxergar
Que não era teu meu dizer

Hoje, quão tarde
Vejo o verdadeiro encanto
E a ti, lobo ébrio,
Deixo apenas meu último canto

De amores eu me perdi
E no verdadeiro amor me encontrei
Sem recíproca me vi
E contigo me embriaguei

Agora já sóbria em mente
Mesmo de corpo embriagado
Escrevo-te estes últimos versos
De um coração apaixonado

A meu Rei que aqui se reconhece
Deixo corpo alma e coração
E a ti, poeta perdido,
Dou-te nada mais que uma oração

Peço aos Deuses em que acredito
Que te iluminem e te venham guiar
Pra que de uma garrafa com álcool
Nunca mais venhas te aproximar

Que te perca a alma e o corpo, nobre poeta,
Mas não te perca o coração
Que não te embriagues novamente
Pra que tua poesia não volte ao chão

Foste lorde, foste lobo,
Foste poeta e simples pagão
E hoje foste bêbado
Que me feriu o coração

Vai-te embora, poeta vil,
Com tua poesia linda e teus versos tristes
Deixas tua marca doce
E também as lembranças infelizes

Saibas que levas contigo
Minha amizade sincera
Mas minh’alma encontrou seu lugar
E não mais te segue ou espera

Vai-te tranqüilo, lobo poeta,
Vai-te certo de tua felicidade
Que a minha alma hoje é feliz
Em ter-te visto de verdade

Espero-te ainda em visita
A esta amiga que deixas pra trás
Mas saiba que hoje apenas amiga
Mulher que te ama, nunca mais...


Tudo se diz na poesia... ainda permanece a primeira e os votos que te fiz... Mas meu amor encontrou seu verdadeiro dono ^^ E não era você. Nunca foi... Apenas a vida me fez entender que o amor verdadeiro toma seu rumo quer a gente queira quer não. E que a rosa, hoje, pode desfazer-se em pétalas ou continuar viva e com viço, pq já não me importa o destino da rosa... A rosa mostrou-me que cuida-se só e mostrou-me mais... Mostrou-me que cuido-me mais que a rosa... Que cuido por vezes da própria rosa que tanto mostrou se cuidar...
Os mesmos desejos.
Ainda o amor.
Mas não o mesmo amor. Agora... o amor apenas.
Vá com os Deuses... Sempre com os Deuses, minha rosa... Sempre com os Deuses...

sábado, 8 de dezembro de 2007

Ao amigo de muitos nomes... Ou o simples "Preto"

És cruel...
Encantas a todos com tua magia
Trazes ao mundo toda tua harmonia
Depois vai-te embora deixando pra trás
Tuas marcas profundas q não nos deixam jamais

Vieste do nada parar em minha vida
Trouxeste contigo tua mente sabida
Deixaste envolver-me em tua sabedoria
Sem imaginar q um dia, iria...

Em muito marcaste minh'alma
Por vezes tiraste-me a calma
Qntas lembranças eu guardo
De tão talentoso bardo!

De ti me resta em consolo e alegria
Tua marca mais profunda: tua doce poesia
E a promessa de q voltas aos amigos em visita
Pra com teus sorrisos e travessuras amenisar-nos a dor da vida

Desejo-te em tua ida os mais fortes votos de sucesso!
Q se realizem teus planos é meu desejo expresso
Q eu possa ver-te em pleno amor e total alegria
E q o destino nos reserve outro encontro... Um dia


Não te desejo tda sorte do mundo, meu caro Preto, pq sorte é para os incompetentes...
E competência para fazer acontecer é coisa q vc tem de sobra!
Agradeço por tudo o que me ajudaste!
Ve se ñ esquece dos amigos!
Apareça sempre que quiseres, pois és bem vindo onde quer que vás e quando quer que venhas ^^
Um abraço e beijo de carinho sincero ao amigo poeta!!
Bahibak, meu caro!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Não

Não te digo que não digo que te amo
Não te digo que não digo que não amo
Só te digo que não digo que não quero
Nem que digo que não digo que te espero.

Não te conto que não conto mais vantagens
No que falam que não vou te conquistar
Só te conto que não conto mais mentiras
É verdade quando declaro te amar

Não te falam que não tomo mais tenência?
Que não tenho jeito nem de melhorar?
Não confesso nem nego meus erros grotescos
Mas não digo que é meu erro te amar

Não te digo que não dizem que não amo
Nem te nego que muito ainda irão falar
Mas se "Não" for tua resposta a meu encanto
Não te nego: não vou mais me apaixonar

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Da Lua e do Lobo

Ao longe o Pai-Sol despedia-se
Entregando à Mãe-Lua toda Terra
E lá estava o Lobo a contemplar o espetáculo da vida
Como sempre, sentado, sozinho

Perdia-se em seu canto, seu lamento
Como todas as noites cantava
E a Mãe-Lua, apaixonada por seu canto
Nascia triste ao som dos uivos, de seu pranto

Aquele lobo chorava solidão
E tristemente lamentava sua sorte
E toda noite fazia chorar as estrelas
Já nada tinha além da espera pela morte.

Penalizada, a Mãe-Lua revoltou-se
E com Pai-Sol no amanhecer foi conversar
Mostrou o lobo, tão cansado, adormecido
Contou-lhe o quanto se cansara de cantar

Contou-lhe as lágrimas que derramavam as estrelas
Contou-lhe o pranto que se fazia ecoar
Cantou-lhe os uivos do pobre lobo solitário
Pediu ao Sol que se prestasse a escutar

Naquela tarde o por-do-sol se deu mais lento
E Sol e Lua quase vêm a se encontrar
Por que Pai-Sol perdeu a hora de ir embora
Parou no céu para ouvir o lobo a lamentar

Tocados todos pelo uivo de tal lobo
Tentaram todos sua vida melhorar
Pai-Sol deu seu melhor no show seguinte
Mãe-Lua fez-se cheia pra brilhar

Mas lá estava o lobo lamentando
Triste, sozinho e sempre a uivar
E pouco a pouco a esperança se acabando
De que um dia fosse alegre seu cantar

No fim da noite o lobo triste adormeceu
Mãe-Lua encontrou-se com Pai-Sol mais uma vez
"Daremos tudo que esse lobo mereceu
Por encantar-nos com seu canto como fez"

"Mas se esse lobo tiver fim pra seu lamento
Nunca mais se ouvirá o seu cantar
É preciso que ele cante para sempre
Pra que tenhamos sempre um porquê para brilhar"

Naquela noite Mãe-Lua fez-se menina
E com seu lobo veio ela se encontrar
Naquela noite o lobo não cantou sozinho
Naquela noite foi feliz o seu cantar

E desde então o Lobo canta para a Lua
E como sempre a Lua vêm para escutar
E quando a noite é noite sem lua no céu
É por que Lua e Lobo estão a se encontrar


A um Lobo, grande amigo de belo canto e uma amiga, Deusa Lua, de doce encanto ^^

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Acordo!

Termina o sonho
E acordo
E acordar já não me dói mais

Termina o sonho
E acordo
E acordada posso ver mais

O sonho é doce lembrança
É canto de pássaro
Que não ouço mais

O sonho é doce passado
E lembrar-me dele
Já não satisfaz

Os passos agora seguros
Saber onde piso
Me faz querer mais

Nos passos agora seguros
Encontro caminhos
Pra outros finais

Um fim pra este sonho tão triste
Agora que existe
Já não me dói mais

O fim deste sonho tão triste
É belo convite
Pra que eu sonhe mais!!!


Um fim é o esconderijo perfeito para um novo começo!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Rosa Ambígua II

Eis o perfume da rosa
Tão doce é a rosa a me inebriar
Tão doce é o cheiro da rosa a me levar
Por sobre os campos de rosas em sonho

Se quero a rosa, desfaz-se
Em pétalas chove em meu caminho
Fugindo da estrada onde piso
Como se apenas me quisesse o olhar

Se desisto do olhar da rosa
Mais bela que nunca se mostra
Tão perto e tão bela rosa
Que dá medo de tocar

Talvez não seja para toque
Talvez só olhe a rosa a bailar
Talvez eu fique esperando pra sempre
Que um dia a rosa me venha tocar

Talvez para sempre eu a veja
Perdida no espaço
Desfeita no vento
No tempo da rosa

Talvez no sempre eu encontre
Pra sempre minha rosa
Tão minha, tão doce
Tão sempre uma rosa a vagar

Talvez seja minha no tempo
E no tempo que é meu
Talvez chegue em meu tempo
O momento da rosa

Talvez seja sempre do mundo
E ao tempo pertença o momento
E ao vento pertença minha rosa
Que o tempo há de apagar.

Quem sabe os rumores do tempo
Os caprichos do vento
Quem conhece os caminhos
Ou o destino da rosa a valsar?

Quem sabe da rosa das rosas
Se pra minha rosa
O vento e o tempo
Não vão conspirar?

Da rosa apenas o perfume
O valsar e o lume
De suas pétalas doces
E seu pecado ingênuo a dançar

Da rosa é o momento
É incerto
E somente essa rosa
Saberá onde e quando quer estar.

De mim?
Sou poetisa da rosa
E da rosa das rosas
Me resta somente aguardar

Em versos
Em tempo
Em rosas
Esperar de minha rosa o que a rosa quiser esperar.

Entendas, poeta, o que bem entenderes
E se não entenderes, que posso fazer?
O coração tem seus caminhos e embrenha-se quer eu queira quer não, quer mesmo eu lhe dando ou não dando atenção.
Que se entenda que o deixo correr solto. Não mais o prendo, não mais o regro.
Tampouco me regram os desatinos que este coração sem rumo vá cometer.
Separou-se de mim este tolo, vive sozinho e é teu. Entregou-se por que bem quis, não mando mais nele nem quero saber.
Se quiseres, lança-o fora onde bem desejares jogá-lo. Não me importo. Não mais dependo dele para nada.
Se quiseres, toma-o para si e cuida-o, ainda assim seguirei meu caminho.
Acompanha-me apenas o bem que este coração arredio me quiser trazer. Além disso, mais nada me faz, já não sofro mais, entenda o que quiser entender ^^

Rolo

Estranho destino tosco
Que faz insosso meu conquistar
Dá-me tudo que quero
Quando não espero nem chance encontrar

Brinca com minha alma
E faz perdido meu caminhar
Tira-me a pouca calma
Nos desencontros de seu andar

Traça-me caminhos tortos
Que muito longe me vão levar
E quando menos espero
Faz-me uma curva e onde vai dar?

Tão perto de minhas metas
Que ainda esperta, receio tocar
Confunde-me , não sei se durmo
Ou se, desperta, insisto em sonhar

Gritam-me tão doces sonhos
Tão alto e claro... São tão reais...
Perde-se minh'alma insana
Já sem reparo... Sonhou demais!

Olho tão bela imagem
Meus lindos sonhos, tão perto de mim
Acho que se não abraço
Nunca mais os vejo tão perto assim

Medo, receio, impulso
Tão forte o pulso, descontrolado
Desta vez me sai pela boca
Este meu coração tão desmiolado

Miolo! Ainda o tenho
Teu desempenho terá de superar
Passar por tanta barreira
E sem mais asneira, raciocinar

Controla esse desesperado
Antes que o pior venha acontecer
Segura o coração no peito
Por que deste jeito hei de perecer

E pensa, como nunca pensa
Pensa bem sujeito no que vais fazer
Pois essa é chance sem "Grapete"
Essa não repete se você perder...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Silêncio

Cuidado com o que me pedes
Se me queres o silêncio
Silenciar minhas palavras
Tira-te o dom de conhecer-me os planos

Os intentos que se calam
Podem ainda cumprir-se plenos
Certamente desimpedidos
Sorrateiros no silêncio que lhes cerca

Pode ser o meu silêncio
A tranqüilidade de teus dias
E a proteção de meus passos
Que nos hão de separar para sempre

Pode ser o meu silêncio
A música atual dos teus ouvidos
Mas certamente sentirás falta de minha música
Exatamente quando não mais puder ouví-la

Sou como o som, como o vento
Sou também como o tempo
Passo tão breve quanto a vida
Tão doce quanto a melodia de minha voz

Mas se calas meus sentimentos
Calas minhas verdades
Calas com isso minha passagem
E quando eu me for, não perceberás

E em dia que deres por conta
Somente o teu silêncio tão amado
Cercará tua alma
De solidão e ausência minha

E no dia que deres por conta
Muito longe de ti estarão meus passos
Tão longe de ti estarão meus passos
Que somente o teu silêncio me encontrará

Nação

Nação é mais que país
É mais do que pátria
À guerra chamada

Nação não é só terra
Não é só bandeira
Nem só armada

Nação é mais que governo
É mais que voto
Mais que opinião

Nação é mais que hino
É mais que história
É mais que emoção

Nação é o povo que sofre
O povo que vota
O povo que crê

Nação é o povo unido
Num só corpo tão sólido
Que a gente até vê

Nação é o povo faminto
O povo que pede
Por educação

O povo que clama pedindo
Que seus governantes
Escutem a razão

Nação é o povo bem vindo
Com festa, com glória
E história pra contar

Nação é esse povo tão lindo
Que mesmo sofrido
Ainda sabe cantar

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Dona de Mim

Quero construir meu reino
Quero ser quem sou
Quero ter um lugar meu
Onde ninguém me machuque mais

Quero liberdade
Quero ser feliz
Quero um lugar só meu
Onde eu possa viver em paz

E pouco me importa
Se ninguém se importa
Com o que a gente pode
Com o que a gente faz

So a gente sabe
O que a gente sabe
O que a gente sente
E do que é capaz

Qualquer dia desses
Esse povo foge
Com medo da gente
E do que a gente é

Por que um dia desses
Eu vou ser tão grande
Que esse povo foge
De me ver de pé

Qualquer dia desses
Esse povo entende
Que no fundo de mim
Existe um ser igual

Qualquer dia desses
Esse povo aceita
Esse povo enxerga
Que eu sou só normal

Mas pouco me importo
Se esse povo vê
Se esse povo liga
Pro que eu sigo e sou

Pois pouco me importa
Se alguém me segue
Se alguém comigo
Vai pra onde eu vou

Eu sigo sozinha
Um caminho extenso
Um caminho árduo
Pra onde quero estar

E sozinha sempre
Não importa quando
Não importa como
Eu sei que vou chegar

Se com minhas metas
Todas alcançadas
Eu ainda assim
Sozinha continuar

Vou me dar abraços
Vou me dar abrigo
Dividir comigo
O que eu conquistar

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Duelo

Ah Amor
Contra ti tenho lutado por toda minha vida
Chamam-te sublime, mas conheço-te bem
És o pior dos rivais que pode ter o homem

Feriste minh’alma
Até que nela não habitasse nada além de dor
Lançaste sobre mim tua companheira e maldição
E como cão sarnento, lazarenta, a solidão me morde

Persisti
E ante minha vontade de viver, te enraiveceste
Jogaste ainda mais de tua fúria em meu corpo exangue
Até que meus joelhos se dobrassem, feridos pelo árido de teu chão

Dobraste-me
Sobre meu próprio corpo fizeste-me cair exausto
E mesmo em meus suspiros finais esforço-me
Para ainda não deixar-te invadir-me o peito destruído

Chega meu fim
Por tuas mãos ditas bondosas sei que morrerei
Mas quando cravar-me o peito a tua lâmina de morte
Vencer-te-ei morrendo antes que me invadas

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A poesia nunca morrerá...

...enquanto houver de pé um poeta
Enquanto em meus pulmões entrar o ar
Enquanto um poeta respirar
A poesia, sua amada, não morrerá

O sangue da poesia é o do poeta
Que corre nas veias de palavras
É sangue feito de versos
De estrofes, poesias, de espadas

Enquanto viver o poeta
Enquanto seu sangue correr
Palavras se criarão, poemas
A poesia não há de morrer

E quando morrer o poeta
E seu sangue pela terra se espalhar
Dele brotarão lindas flores coloridas
Que outro poeta hão de criar

E enquanto viver um poeta
Enquanto morrer um poeta
Enquanto houver um poeta
Ou um poeta puder se criar

Enquanto houver um poeta
Enquanto viver o poeta
Enquanto pensar o poeta
A poesia não morrerá

domingo, 18 de novembro de 2007

Mestre de Mim

Quem te deu teus dons?
O Deus Todo Poderoso
A me dar um anjo
Para guardar meus passos?

Quem te deu teus dons?
O temível Lúcifer
A tentar-me a alma
Pelo caminho de tua melodiosa voz?

Para que esta tua magia?
Para inebriar-me o coração
Povoar-me a mente?
Preencher-me o espírito?

Para que esta melodia?
Para inspirar-me ao lírico?
Soltar-me a alma?
Encher-me de sonhos?

Quem tu és?
Mestre de minh'alma
Dono de meu coração
Encantador de minha mente

Quem tu és
Já não me importa
Sirvo-te apenas
Mestre de mim...

Soneto

É triste o tormento
Que tua ausência me traz
Infeliz por demais
Tenho apenas sofrimento

Alma solitária a caminhar
Seguindo traços apagados
Avisos atrasados
De onde estivestes a passar

Tristes são meus passos soturnos
Melancólica face inebriada
Pela sombra de grande pesar

Tuas palavras, alegria minha
Deixaram-me a carregar pesadamente
O dom e maldição de te amar

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Anjo Meu

Ainda vejo teus olhos.
Ainda sonho com eles, anjo meu.
Ainda os vejo perdidos
Em teus momentos finais.

Ainda relembro tua face.
Vejo-te chorar em meus braços, anjo meu.
Ainda choro contigo
Cada vez que me lembro de ti

Ainda me vejo perder-te.
Ainda o vejo ferir-te, anjo meu.
Ainda vejo esvair-se entre meus dedos
Tuas lágrimas brilhantes, impregnadas de vida.

Ainda sangro em minhas lágrimas.
Ainda choro por ti, anjo meu.
Ainda derramo meu sangue
Em função de tua partida prematura.

Ainda vingo-te
Ainda o mato, anjo meu.
Posso nunca mais ter-te de volta
Mas também não viverá quem te tirou de mim

Ainda vingo-te
Ainda destruo teu algoz, anjo meu.
Nem que para o beijo frio da morte alcançá-lo
Ela me tenha de beijar primeiro.


Victorius Mcnight (RVtS - Lia Martins)

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Frio

Frio
Só o que sinto

Frio é o teu olhar e meu semblante
Frio é o ambiente que nos acolhe
Frio está meu corpo e o teu corpo frio
Já não é mais o que era antes

Frios são meus pensamentos
Frias são minhas palavras
Frias são minhas linhas e minha poesia fria
Já não é mais o que era antes

Frio é o dia que amanhece
Fria e a noite que escurece
Frio está meu sol e minha lua fria
Já não é mais o que era antes

Frias são as mudanças
Frios são meus atalhos
Frio o caminho que trilho entre o gelo frio
Que me cobriu a alma errante

Frio que invadiu minha vida
Frio que me congela todos os dias
Frio que vêm destes teus olhos e olhares frios
Que já não falam como antes

Frio que tu me mandas
Como se o frio com que tu me congelas
Fosse curar-me o frio das feridas que eu já tinha frias
Em meu coração de pedra e gelo.

A cor de meu canto sem cor

Se meu canto tivesse cor
Se falando de meu amor
Seria vermelho o meu canto

Vermelho como meu coração
Que mesmo no peito rasgado
Debate-se e bate ainda vivo

Se meu canto tivesse cor
Se falando de meu rancor
Seria cinzento o meu canto

Cinzento do cinza das nuvens
Que relampejando chuvosas e bravas
Derramam sua fúria em límpida água

Se meu canto tivesse cor
Se falando do teu esplendor
Seria azulado o meu canto

Um azul feito o céu das manhãs
Portando um sol de brilho ofuscante
Qual o teu brilho quando passas

Se meu canto tivesse cor
Se falando de quando eu me for
Seria negro o meu canto

Negro de um negro de ébano
Um negro que carrego escondido
Nas profundezas de minha alma

Se tivesse cor o meu canto
Seria um encanto
Ver-me cantar

Mas dar cor à cor de meu canto
Pode trazer espanto
Muito mais que encantar

Escondo no fundo do canto
No fundo da alma
O que o canto me vem abrandar

E se a cor que se der ao meu canto
Mostrar o que nele escondo
Então ele há de assustar

Tempestade Pessoal

Sinto no frio do vento,
A se espalharem pelas folhas,
As gotas da chuva por vir

Molham-me a face tristonha
Misturam-se às lágrimas
Que me cobrem o rosto a chorar

Vejo o clarão dos relâmpagos
E ouço voar pelo céu
O som dos trovões

Som como gritos das nuvens

Juntando-se ao meu grito
Em um coro de tristeza e rancor

Vejo romperem-se os céus
A derramar sobre a terra
Uma chuva torrente de dor

Chuva que lava do solo
As impurezas do homem
Como quem limpa feridas

Chuva que como meu pranto
Lamenta a tristeza do mundo
Ante a devastação que o consome

Chora a natureza em chuva
Choro eu em lágrimas
Pelo mesmo maldito bicho homem.

Rosa Ambígua

Teu jeito ao mesmo tempo me encanta e me fere...
Como uma rosa...
A beleza e o perfume que inebriam a mente e o coração
Com espinhos a torturar o corpo

Não desisto de ver-te como uma rosa,
Tua beleza estonteante a enlaçar meus olhos
Teu perfume inebriante enfeitiçando-me os pensamentos
Como se teu rosto, egoísta, os quisesse a todos para si.

És perfeito como a rosa
O doce acetinado de tua voz melodiosa
A acarinhar-me os ouvidos e a mente
Tal como as pétalas da rosa em minhas mãos

Sedutor... Qual o carmim da rosa
Povoando-me os sonhos voluptuosos
Tingindo-os com o vermelho da rosa
Para que por todo o dia eu possa lembrá-los

És perigoso qual o caminho até a rosa
Na mesma voz que traz melodia
Viajam espinhos de ponta aguda
E que grande tormento me causam ao atingir-me

És triste qual o fim da rosa
Cada vez que te vejo partir
Vejo murchar a rosa em mim
Pela falta do amor de ti

Trazes em ti o equilíbrio da rosa
Do prazer da tua companhia adorável
À dor da tua indiferença certeira

Entre as dores e os prazeres que me causas, rosa minha
Não hei de desistir de tuas belas pétalas
Mesmo que me firam teus espinhos...



Ainda que venha a murchar e secar pétala por pétala a rosa que tanto busco, ainda que murcha e seca esteja sua beleza, ainda assim ela valerá o dissabor de cada espínho e cada gota de meu sangue que ficar pelo caminho.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Fogo

Lamento de triste agonia
Atravessa o frio da noite
Carregando a melancolia
Da dor que te é por açoite

Um grito de dor aparente
Um uivo de eco distante
Na alma a tristeza latente
No peito uma dor lancinante

Tua voz perdida no vento
Vem fustigar-me os ouvidos distraídos
Corta-me bruscamente o pensamento
O teu lamento pelos lares destruídos

Saio a buscar na floresta escurecida
Que animal tristemente uiva assim
Encontro tua face entristecida
Gritando tua dor ao universo sem fim

Lobo guardião das florestas e matas
Lamentas o desastre a te cercar
Os gritos das árvores vêm como vergastas
Teu coração atormentado flagelar

No fogo tantas folhas se consomem
Posso ouvir toda madeira a estalar
Conseqüências de atos desse bicho homem
Expandindo seu espaço sem pensar

Teus olhos expressivos tudo falam
Nem precisas o teu uivo continuar
E a fumaça que estas chamas muito exalam
Já nos começa a ambos sufocar

Nada posso contra o fogo já extenso
E sozinha sei que pouco posso salvar
Mas entendo o sofrimento tão intenso
Que teu coração pra sempre há de carregar

Foge para longe lobo triste
Foge deste fogo tão fatal
Foge, que lugar ainda existe
Onde não encontres tão fatídico final

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Paciência

Uma vida demorei para encontrar-te
Por toda esta vida eu te pude aguardar
Hoje que me impede de esperar-te
Outra vida eu pagaria para te amar

Que sejas livre pra buscar onde quiseres
Tua tão sonhada felicidade vá caçar.
Mas se um dia, relembrando-me, a mim vieres,
Saiba que eu sempre estarei a te esperar.

Não consigo imaginar um outro alguém
A ocupar aquele que é o teu lugar.
Se não sou tua, não serei mais de ninguém.
Ou te acompanho, ou sozinha quero estar.

Deixo aos Deuses a decisão do meu destino
Se o teu futuro me quiserem reservar.
Guardo em mim mais do que um simples desatino
E dou-me apenas o direito de sonhar...



Ao dono de meus sonhos... Não te importes.
Se te amo, te liberto a ser feliz!
Quero-te feliz de todo jeito, pois é tua felicidade que me alegra.
Mas se um dia tua felicidade voltar-se para mim, aqui estarei a receber-te...
Até lá, não se cobra impostos sobre sonhos, certo??? :)

Tradicionalmente À Lua

Tua luz vem buscar-me perdida em pensamentos
Vem trazer-me tua brisa noturna, teu toque suave.
Teu brilho vem cessar-me os tormentos
Vem lembrar-me de tua magia, como canto doce de bela ave.

Teu azul vem iluminar-me a noite escura
Vem mostrar-me que ainda olhas por mim.
Teu olhar faz-me esquecer a vida tão dura
Pergunto-me: quem te fez tão bela assim?

Que poeta não se inspirou no teu amor?
Qual de nós não se viu preso ao teu encanto?
Quem de nós não se abisma com teu fulgor?
Esplendor que nos provoca riso e pranto.

Tu que reges todo tipo de poesia
Venha a mim, com tua luz, venha banhar-me.
Oh linda e reluzente Lua que nos guia
Venha a mim, com tua beleza saciar-me.

Doce face da paixão mais intrínseca e pura
Em meus sonhos, e somente nos sonhos, posso tocar-te.
Doce símbolo do pecado e da candura
Algum dia hei de alcançar-te.

Poetisa

Castigo minha alma e meu corpo num constante pesar infinito
Noites e noites a fio não durmo
Olho e observo fria, o expressar de meu espírito aflito.
Para o seu desespero evidente, não ligo, eu assumo.

Olhos abertos para o mundo a enxergar o nascer e o pôr do sol
Letras, palavras, frases e páginas espalhadas sobre a cama desarrumada
Entranhas adentro alguns sanduíches, café manchando o lençol
O corpo há dias acordado ouvindo a alma desvairada

Sombrias escrituras maculadas de lamentos, dor e sofrer
Sentimentos que há tempos me acompanham macerando aos poucos minha mente
O corpo, como em transe, continua a escrever
O espírito grita desesperado em face do torpor iminente

Há tempos o sono eterno me ronda
Enquanto me abandona o sono simples e o sonhar
Logo a morte chegará como uma onda
Para este corpo exangue e sem forças afogar

Mas enquanto o fim definitivo ainda me evita
E a mente, intrínseca e freneticamente, continua a trabalhar
Faço ouvidos moucos ao que, louca, a alma grita
Mais e mais páginas continuo a empilhar

Confissão

Caminho
Em largos passos perdidos num vale de lamúrias e tristezas
Me perco. Entre lágrimas definho.
Vislumbro meus mais belos sonhos desfeitos em quadros de incertezas

Te amo
E amo e amo e como destruo os pulmões a gritar que te quero
E grito, em meus gritos te chamo
E choro minhas lágrimas de sangue ao ver que sozinha te espero

Eu corro
No caminho que antes trilhava entre passos de paz e calmaria
Tropeço, caio, quase morro
Entre as pedras que povoam aos montes meu caminho de agonia

Me jogo
Salto num salto, num pulo suicida, para morte em meu abismo profundo
Tão fundo, inundado, me afogo
Me deixo perder, afundar. Neste lago de minhas próprias lágrimas deixo meu mundo

Desespero
Grito em meu grito silencioso travado no fundo da garganta rasgada, corroída
Contenho minha voz, escondendo o desejo sincero
Desejo que come, machuca, repica esta minha alma despida, destruída

Eu choro
Por dentro minh'alma debulha-se em lágrimas e soluços desesperados de tristeza e, no entanto
Sorrio. Por fora sorrio e coro
Mostrando-te apenas minha fraqueza e o quanto me dominas ao passar com todo teu encanto

Te vejo
É tua visão que mantém vivo e batendo este meu coração cansado, exângüe
Teu rosto, teu cheiro, um lampejo
Tua imagem é o pálido e longínquo objetivo que ainda mantém correndo em minhas veias meu ralo sangue

domingo, 4 de novembro de 2007

Canis Lupus, Lupos, Lobo

Que há de mais belo que a liberdade de um lobo?
Seu correr sem destino pelas matas abertas, sua confiança no vento como guia...

Que há de mais belo que a astúcia de um lobo?
Seu faro invejável ao mais minucioso odor, sua precisão e rapidez de ataque...

Que há de mais belo que a fidelidade de um lobo?
Sempre atento à sua matilha, nunca deixando para trás um companheiro ferido e sem ajuda...

Que há de mais belo que a lealdade de um lobo?
Esperando até a morte por sua amada, entregando mesmo a vida por ela...

Que há de mais belo que um lobo?
Que há???
Seu uivar para a lua a ecoar em minha alma, a lembrar-me de que nasci livre, a mostrar-me que tudo é possível...

Que há de mais belo que um lobo?
Não há...
Encanto perfeito, lenda viva que as sombras e as folhas escondem deixando apenas a melodia de seu canto entristecido a tocar-nos profundamente a alma e aflorar-nos o mais selvagem instinto de liberdade sem limites...


Ao grande amigo de longas jornadas passadas e muitas jornadas futuras.
Ao grande companheiro que mostrou-me novamente quem eu sou.
Teu uivo ecoa pelo mundo, Lupos meu caro, e há de mostrar a muitos a verdadeira essência de vida no coração de todos nós!
Sois dádiva dos Deuses, bênção em nossas vidas e muito agradeço pelo presente que me oferece a Deusa: sua estimada companhia na jornada de minha existência.
Amplexos e desejos sinceros de felicidade e realização plena a ti, meu caro Filho da Sombra!
Que tua mensagem de vida se espalhe e cative os corações dos homens tão bem quanto o teu carisma nos consegue conquistar!
Mil bênçãos ao caro e estimado amigo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

An Angel That Cries

Tears on the green eyes
Pain behnd the beautifull face
Blood on her white clothes
She’s an angel that cries...

A soul lost on the past
Sadness on her steps
Whisper voices on her ears
She’s an angel that cries...

Death before her eyes
Spirits around her body
Screams and fear. The cold.
She’s an angel that cries...

The great blue of the sea
The stone, black and hight
The horizont, so distant
And she’s an angel that cries...

The eyes are close in fear
She’s drowining on deep darkness
Stop the sound of her heart
And she’s an angel that dies...

The light behind the shadows
The sounds behind the silence
The life behind the life
And she’s an angel that flies...

Sou

Sou medo...
Sou frieza...
Sou tristeza...

Sou resto do que um dia foi...
Sou mazela da humanidade...
Sou maldade...

Sou vítima de mim...
Sou meu próprio assassino...
Sou lástima...

Sou destruição...
Sou destruída...
Sou lágrima...

Sou pó...
Sou cinzas...
Sou dor...

Sou maldita...
Condenada...
Fim do amor...

Sou sangue derramado...
Sou vida tirada...
Sou amargura...

Sou anjo caído...
Sou asa arrancada...
Sou loucura...

Sou céu enegrecido...
Sou dia nublado...
Sou tempestade...

Sou sonho perdido...
Sou ser iludido...
Sou perversidade...

Sou infelicidade...
Sou sombra da vida...
Sou morte...
Sou ilusão...

Sou insanidade...
Sou maledicência....
Por conveniência
Sou corpo estendido no chão...

Sou máquina humana
Perfeita criatura
De um Deus que nunca existiu...

Sou julgamento
Sou castigo
Sou sobra do que partiu...

Sou despresível
Sou descartável
Sou tudo o que sobra da vida

Sou erva daninha
Sou mal incurável
Sou doce inocência perdida

Sou violência
Sou guerra
Sou inconstitucional

Sou impertinência
Inconveniência
Encarnação de todo o mal

Sou triste lembrança...
Sou perda recente...
Sou aquela a quem chamam de louca...

Sou tudo o que resta
Deste mundo que não presta
E pra ele sou desgraça pouca...

domingo, 28 de outubro de 2007

O Último

Quando eu morrer
Me enterre de pé
Deitada, de lado
Faça o que bem quiser

Divida meu corpo em pedaços
Deita meu corpo ao mar
Dá meu sangue a meus inimigos
Doa-me a quem precisar

Só não me faça mausoléus
Nem de madeira nem de pedra
Não quero lápide nem quero cruz
Não quero nada que o tempo quebra

Quero música em meu velório
Quero dança, quero canções
A nenhuma lágrima se permita cair
Não suporto lamentações

Quero alegria, quero piadas
Risos e felicidade
Antes comemorem honestamente minha partida
Que a lamentem em choros sem verdade

Quero docinhos, comida farta
Quero festa a valer
Comemorem amigos de fé
Já não estou entre vós a sofrer

E quando cessar o canto
Cessar o pranto e a despedida
Que só reste em seus corações
Os bons sentimentos que tive em vida

E quando lembrarem de mim
Que seja de sorrisos e traquinagens
Que lembrem o mais belo de meus tempos:
A velha infância das molecagens

Se me atenderem a estes pedidos
Pouco me importa que fim vá levar
Meu corpo morto, só casca vazia
Eu mesma estarei livre para voar.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Um Grito

Que tome meu corpo a doença
Que tome minha mente a loucura
Ainda estarei muito longe
De meu tombo à sepultura

Que caiam dez mil à direita
E outros dez mil a meu lado
Ainda terão muito a esperar
Os que tem por meu fim esperado


Biquem-me as aves do céu
Destruam-me as pragas do mundo
Ainda assim decepcionarei
Os que querem meu corpo neste chão imundo

Venham ferir-me as espadas
Que cortem-me a frágil carne humana
Pois hei de ferir mais fundo meus inimigos
Vencendo-lhes a esperança mundana

Hei de mostrar que estou viva
Hei de provar que sou forte
Que atentem os meus inimigos
Pois longe de mim mora a morte

À minha derrota

A ti
Tu que me espreitas
Qual abutre faminto a espera de meus despojos

A ti
Tu que me observas
Aguardando-me o primeiro tropeço

A ti
Tu que me corrói a alma
Afundando-me na lama de meus próprios lamentos

A ti
Derrota minha
A ti meu desafio solene

Entre nós há duelo de morte
Há guerra sangrenta
Pela alma que em meu corpo habita

A ti
Deixo o aviso final
Entre nós duas
Vencerei eu

Atualmente

Meu pesadelo começa
No momento em que me levanto
A realidade me aborda como um corvo
De negras penas e temível canto

Um dia sem luz me espera
Repleto de dor lancinante

Encaminho-me para mais um dia
Como um corpo, um cadáver andante

São tantas as farpas da vida
Que já não mais me ferem
São tantos sofrimentos agendados
"Que façam fila e que me esperem"

As horas se arrastam agarradas
Aos ponteiros que recusam-se a andar
Os segundos se empilham lentamente
Em minutos que se esquecem de passar

Quando a cama me chama
Noutro tardio anoitecer
Deito-me já sem forças
Em instantâneo adormecer

E se pensas que enfim descansa e sonha
Esta alma cansada de sofrer
Digo-lhe que já não tenho sonhos
Pois já pesa-me muito o fardo de viver

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Monólogo de um Predador

Amedrontado pela noite, você caminha.
Eu sei que tem medo.
Posso senti-lo em sua respiração ofegante.
Posso vê-lo em seus passos rápidos.

Você sente-se observado.
Preciso tomar mais cuidado!
Se não silenciar meus passos,
Você acabará por perceber-me.

Sim. Tenho te observado.
Conto teus passos onde quer que vás.
Tenho caminhado contigo sempre
(Desde que o sol já nos tenha abandonado).

Hoje é a grande noite!
Vamos nos conhecer pessoalmente.
Um encontro de beleza incomensurável para mim.
Para você… Desconfortável, eu diria.

Espero que goste de mim,
Pois estarei sempre ao teu lado.
Teremos uma eternidade juntos,
Posto que, esta noite, te faço imortal.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Palavra

É cisma, sofisma, problema
É vida, vivida, é sistema
É morte, é corte, enfisema
Melodia, melancolia, é poema

É dor, é rancor, apatia
É mal, é normal, demasia
É tristeza, aspereza, é sangria
É amor, é fervor, é poesia

É verbo, é palavra, é direta
É cantada, é falada, é incerta
É medida, é cabida, encoberta
Engolida, é a voz do poeta

A palavra que une e separa
A melódica e triste palavra
A que voa e toca, a que mata
É somente, tristemente a palavra

A que fere, a que cura, regenera
A que traz realidade ou quimera
A que ama, odeia, exagera
Simplesmente a palavra é o que era

A que livra a folha do branco
A que quebra ou compõe o encanto
A que dá sentido ao canto
Ou que fica esquecida num canto

A palavra que ensina, que aprende
A palavra que nunca se entende
A palavra que tanto se estende
A palavra de cunho pungente

A palavra que traz o saber
A palavra que faz conhecer
Há tanta palavra pra ver
Que não há mais nada a dizer

Soneto de minh'alma

Você nunca olhou pra mim.
Eu sozinha a chorar.
Mil males a me rodear.
Eu sempre vivi assim.

Tu me abandonaste pequena.
Enclausurada em tua mente,
No fundo esquecida, ausente.
Tornei-me digna de pena.

Hoje me procuras aflita,
Traze-me novamente à superfície,
Dá-me, enfim, meu espaço.

Agora olhas para mim de repente,
Agora que tenho poder,
Sequer sei o que faço.

sábado, 29 de setembro de 2007

Melancolia

O poeta morreu!
Por que não fui eu?
Por que poupa-me a morte
Quando lhe anseio pelo beijo?

O poeta se foi!
Quisera eu ter ido em seu lugar
Mas nega-me a morte
Meu mais forte desejo

Assassinado!
Pois o tiro a queima roupa
Que calou tão bela voz
Por que não atendeu ao chamado de meu peito?

Está enterrado!
Triste fim que todo vivo rejeita
Por que não recai sobre mim
Já que serias bem vindo a meu coração desfeito

Calou-se seu pranto!
No entanto ainda choro
A pedir pelo fim ligeiro
Deste peito dilacerado

Fechou-se seu sorriso!
Pois o meu foi há muito perdido
Como também já se foi a alma
Por trás deste meu rosto encenado

Libertou-se bela alma!
Sorte a dela
Por que a minha ainda jaz presa
A meus grilhões de carne e osso

Subiu aos céus!
Que seja feliz
Por que a mim "inda" espera a vida
Ah... Este inferno terrivelmente insosso

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Amor Imortal

Minha doce amada perdida
Eis que, enfim, te reencontro
Porém, triste é o meu fim
E não mais me reconheces

Aproximar-me de ti foi difícil
Um tortuoso caminho
Que segui firme e fortemente
Apesar de todas as provações

Parte-me o coração congelado
Vislumbrar tamanho temor
Que toma o teu rosto, pálido
Ao reconhecer-me o olhar

Admito a dor infindável
Que me trás amargura e angústia
Ao ver lágrimas brotarem de seus olhos
Enquanto me tocas a face

Sinto em minh’alma esquecida
A dor que te corrói por dentro
Por creres que estaremos sempre separados
Por um abismo profundo e extenso

Por amor me ofertas a morte
E propões que morramos juntos
Esperando de Deus alguma clemência
Para que nos seja dada a eternidade da alma

Por amor te ofereço a vida
E proponho que vivamos juntos
Dou-te o elixir da imortalidade
E teremos a eternidade que desejares

Em um beijo o amor imortal
Faz-se imortal na verdade
Nas doces gotas da essência

Que nos faz amantes para sempre

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Tu e eu Eu e tu

Tuas insanas palavras
Ainda ecoando
Em meu triste e eterno escutar

Tuas ofensas mesquinhas
Ainda povoando
Meu constante e incerto pensar

Tuas mãos pesadas
Ainda impedindo
Meu suave e doce volitar

Teus pesadelos sombrios
Ainda se interpondo
Em meu frágil e infinito sonhar

Tuas frases de efeito
Me tirando o direito
Tolindo meu lírico expressar

Tuas ignóbeis regras
Que meu sentimento
Me impedem de externar

Tuas letárgicas leis
Que meu pensamento
Insistem constantemente em calar

Mas nem todos os teus fatos
Me poderão impedir
De continuar meu cantar

domingo, 23 de setembro de 2007

Tempo

Amigo, intento
Desejo, tormento
Tristonho, lamento
Cinzento, chuvoso
Vago, temeroso
Irmão, sempre em vão
És tu, sempre tu, oh tempo

Passante, cantante
Uivante, infante
Curando, secando
Tramando, armando
Inventando caminho
Onde não há pra trilhar
És tu, sempre tu, a vagar

Amando, sofrendo
Vivendo, aprendendo
Sentindo, iludindo
Entrando e saindo
Subindo, caindo
Abrindo e falindo
És tu, sempre tu, indo e vindo

Correndo, brincando
Curando e ferindo
Amargo, mentindo
Passando, fluindo
Atino repentino
Adormecido, desperto
És tu, sempre tu, incerto

Limpando as bobagens
Curando feridas
Terminando contendas
Mostrando as verdades
Saindo na madrugada
A cantarolar para sua amada
És tu, em tua eterna jornada

Irmão traidor
Curando dor com mais dor
Trazendo amargo à boca doce
Lágrimas aos olhos amantes
Tirando da criança a mãe
E dos jovens, os anciões
És tu, como um trem e seus vagões

Irmão consolador
Dando abrigo aos corações

Passando todas as ilusões
Dando chances aos fanfarrões
Dando ao poeta, inspirações
Ao doce cantar, mais canções
És tu, sempre tu, e teus chavões

Triste andarilho
Solitário, estribilho
Flecha cortante
No vento uivante
Flutuante, no centro
O universo inteiro a teus pés
És tu, sempre tu, sempre tu és

sábado, 22 de setembro de 2007

De Repente...

Andando pela noite
Deparo-me com a morte
Caminhando junto a mim

Os olhos da cobiça
Perseguindo meus passos rápidos
Desejando minha essência

Os braços do medo empurram-me
Numa corrida desenfreada
Em nome da sobrevivência

As sombras parecem mover-se
(Não... Não parecem! Se movem!)
Como se desejassem me parar

Procuro pela luz
O desespero me toma a mente
(Mas que droga! Onde coloquei as chaves?!)

E diante da porta de meu refúgio
Cercada pelas sombras vivas
Como que pela própria noite me vejo imobilizada

Da dor ao êxtase, ao nada
Sozinha na madrugada
Pergunto-me incessantemente:
_ Que diabos me aconteceu???

Da vida

A vida é uma viagem
É gente que vai
É gente que vem

A vida é uma tristeza
No cultivo da miséria
Que nos convém

A vida é um tanto doce
Ao sabor daqueles
Que sabem viver

A vida é um tanto amarga
Na boca de quem
Quer mais "ter" que "ser"

A vida é, de fato, um sonho
No amor perfeito
Que a mente constrói

A vida é, de fato, dura
Na solidão doída
Que nos corrói

A vida é um pouco de nada
Nas mãos de quem a tira
Sem culpa ou perdão

A vida é um pouco de tudo
De bem e de mal
Quer queira quer não

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Ausência

É vazio meu caminhar desde que sumiste
É triste
Chega dar dó de olhar a dor que em mim existe
É triste
Passos perdidos no vento intenso da solidão
É triste
Choram os olhos, a alma, o coração
É triste

Perdeu-se minha alegria de viver
É triste
E dentro de mim nada mais
Existe
Mesmo assim o corpo ainda
Insiste
Neste sofrido respirar
É triste

Sumiu de mim a energia
É triste
Perdeu-se também a alegria
É triste
Zombam de mim as gralhas do céu
É triste
E minhas lágrimas, tantas, já me fazem um véu
É triste

Nada mais sobra de mim
É triste
Nada mais existe em mim do que
Viste
E o corpo, perdido ainda
Resiste
A todo este sofrer em meu peito
É triste

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Meus erros

Acreditar...
É perder-me em lindas mentiras
Encontrar-te em meus sonhos profundos
Esquecer-me da realidade triste que me cerca ao acordar

É deixar de notar
Que sempre mentem os homens
Que sempre se iludem os corações
Que é esta a realidade de amar

É o simples permitir
Abrir minha mente às tuas palavras
Escutar teus versos e cantorias
Deixar-te mentir... E ouvir...

É cair
É falhar novamente em meus planos
É cometer novos enganos
É deixar a emoção fluir

Esquecer
Deixar se perderem as lembranças
Deixar sumirem as lições
Dar novamente ao amor a chance de crescer

É não ver
Trancar a sete chaves o pensamento
Dar à dor porta aberta em meu peito
Deixar novamente o amor renascer

É perder
É regar abundantemente a erva daninha
É arrancar pela raiz a planta frutífera
É deixar novamente o amor viver...

Hoje em dia

Um coração que sangra
Triste tenta retomar
As descompassadas batidas
O infeliz respirar

O cérebro reclama ao corpo
Grita, ordena a andar
As pernas e braços imóveis
Esforçam-se a levantar

Qual esforço que fazem
Os pulmões magoados, feridos
A puxar o ar que lhes falta
Ante os olhos entristecidos

Lágrimas a cobrir o rosto
A lavar as marcas do acontecido
A trazer lembranças e gostos
A molhar o chão enegrecido

Naquela tarde marcada
Naquela esquina escolhida
Outro pai de família
Agora deixava a vida

O suspiro final de cansaço
Desiste o coração partido
O pensamento no amor, nos filhos
Logo seria esquecido

Tudo por meia dúzia de notas
Levadas por um bandido
Aquele antes herói e amado
Agora seria reduzido

À mera coluna no jornal
À mera estatística do dia
E a mera história contada
Do avô que jamais seria...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ao meu coração...

Canta!
Canta, oh alma triste!
Mostra que em ti ainda existe
Forças para reclamar!

Sofre!
Oh coração sedento
Que deste sofrimento
Tu desejaste provar!

Sente
Toda a dor que causas
Quando por tuas causas
Decides me entregar!

Sofre!
Sente a dor do peito...
Tenhas mais respeito
Antes de te apaixonar!

Grita!
Agora tu reclamas!
Mas quando dizes que amas
Quem é que pode gritar?

Chora!
Pode derramar teu pranto!
Pode esconder-se em teu canto
Que hei de te ignorar!

Cala
Estes teus versos românticos!
Estes poemas e cânticos
Que ficas a entoar!

Cala
Essas paixões doentias!
Cuida mais, nestes dias
De para ti mesmo olhar!

Cega-te!
Finjas que não vês nada!
Pára de impor paradas
A este teu tímido andar!

Adiante!
Apaixona-te? Pelo vento!
Que é trabalho do tempo
Tuas feridas curar...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Vento

Ah vento...
Teus doces sopros
Cochichos suaves
De sentimento

Tuas lindas palavras
Tua música nos fios
Teu canto nas folhas
Teu lamento

O carinho que fazes
Como se a todos
Desejasse aliviar
O sofrimento

Tua brisa
Teus dedos frios
A levar da mente
Todo tormento

Ah amigo vento
Com tua música a passear-me a alma
De conversas intermináveis

E doces toques a dar-me calma

Peço ao divino em minhas palavras
Ah querido amigo vento
Que toda a amizade que me devotas
Não seja esquecida no tempo

Peço ao divino em minhas orações
Que nunca se cale tua linda melodia
Que traga sempre na pós-tempestade
Tua doce e serena calmaria

sábado, 15 de setembro de 2007

Tua Voz...

Enebriante... Quase enlouquecedora eu poderia dizer
Encanto melódico que faz volitar as almas ouvintes

Doce... Quase se pode sentir
O sabor de teus lábios a preencher cada palavra que dizes

Estonteante... Quase não posso manter-me consciente
Se este som continua, viajo e acho que jamais retorno a meu corpo

Extasiante... Quase como um vinho
A tirar-me o juízo da mente e tranqüilizar-me o acelerar do peito pulsante

Tocaste minh'alma
Inspiraste meus sonhos
Marcaste meus ouvidos
Com quão maravilhosa melodia...




E ainda existe quem tenha a coragem de dizer que não é linda...

De Volta

Deixei-te...
Deixei-te por teus modos insanos
Deixei-te por que não mais me fazias
Sentir a alegria dos amores que antes sentia...

Deixei-te...
Sem pensar deixei-te, esqueci-te
Mandei-te embora de minha vida
Ponderando pouco das conseqüências que viriam...

Deixei-te
Por teus lapsos, deixei-te
Apartei-me de tua estranha pessoa
Apartei-me de ti sem pensar

Hoje penso
Hoje a sanidade me retorna à mente antes obscura
Hoje tua presença faz-me falta sem tamanho
Hoje tua ausência faz insosso meu viver

Te lembro
Cada passo que dou, uma lembrança tua
Arrependo do dia em que te disse "vai-te"
Hoje grito para tu voltares...

Quero-te
Outra vez quero ter-te a aquecer-me o corpo
Outra vez quero teus lápsos, tuas estranhas maneiras
A alegrar-me os dias hoje tão normais e sem vida...


A ti querida amiga...
Que meus versos traduzam a tua vontade
Que minhas palavras tornem-se mensagens ao vento
E tragam de volta teu amor perdido...

Até

Perdeste!
Rio dentro de mim mesma de tua burrice
Jogas fora mãos que trariam a perfeição ao teu trabalho
Deixas fugir o melhor de teus achados

Quão imbecil é tua atitude
Qual eram todas as tuas ordens insensatas
Qual são tuas estúpidas mesquinharias
Qual será o teu insípido fim

Quão tola é a tua persistência
Em tuas idéias mirradas
Em tuas opiniões vazias
Em teus poucos galhos esturricados

Brotas em tristes e secas folhagens
Que nascem já mortas e daninhas
A tentar matar a todo broto verde que em tuas terras venha a nascer

Definhaste
E por tua autodestruição desejas o mesmo a outros
Mas esquece-te de que muito mais mundo há fora daqui
Do que tuas mãos ácidas podem controlar

Destruirás teus próprios frutos secos
Como hoje tentaste destruir-me
E algum dia verás meus frutos viçosos
A consumir-te em tua inveja repugnante e eterna.




Àquele que tirou-me a oportunidade de florescer arrancando-me ainda broto de seu solo deveras seco e infértil.
Que seja, tolo insensato! Tu hás de plantar neste solo as flores secas de tua própria sepultura.

Te ordeno

Domina-me!
Corrói-me de uma vez, amor maldito!
Destrói de uma vez este peito
Que anseia pela hora de morrer

Termina!
Acaba logo o que começaste amor maldito!
Arranca-me o último sopro de vida
Tira o sangue de minhas veias de vez

Apressa-te!
Tortura-me menos neste assassinato, amor maldito!
Se tiveres de levar-me, leva-me logo
Pra que eu não perceba o que deixo para trás

Finaliza!
Termina com esta existência vazia, amor maldito!
Decepa-me a vida antes que a força me volte
Mata-me antes que eu queira reagir

Não andes, corra!
Por que se eu levantar-me deste chão frio, amor maldito
Hei de exorcisar-te de minhas entranhas
Para que nunca mais voltes a habitar-me o coração

Teus beijos

O doce sabor dos teus lábios que ainda sinto nos meus
Enlouquece estes olhos pregados na dança dos teus cabelos
Bem como o encanto de tua voz a flutuar no vento
Tira o juízo de meus pensamentos já insanos por natureza

Paira no ar o teu perfume
A inebriar-me as palavras enclausuradas na garganta
Declarações de amor que engulo
Secas como as folhas das árvores em tempo de outono

Sinto-o todo o tempo a acompanhar-me
Encravado nas fibras do tecido de minha roupa
Como se comigo eu carregasse a todo segundo
Um pedaço de ti... Junto a mim...

Me pego a sonhar com teus beijos
Que antes já tive aos montes
Mas sabes tu como são as coisas de valor
Quando as queremos, somem, nos deixam

Espero, anseio, pelo dia em que possa tê-los de volta
A zombar de minhas palavras, calando-as
A caçoar de minha poesia, chocando-a
Com atos que hão de inspirá-la por anos e anos e anos...



Podemos dizer que ando meio... inspirada...

Fim

Não mais
Não mais a dor de outrora
Não mais o sangue a escorrer-me pelo corpo inerte e lavado de minhas próprias lágrimas

Não mais a insípida sensação de perda
Não mais o gosto amargo da derrota
Não mais a tua presença constante a atormentar-me os sonhos juvenis

Não mais a tua voz a cortar-me os ouvidos
Não mais tuas palavras mentirosas
Não mais tuas declarações sem verdade entranhando-se em minha alma ou em meu coração

Não mais teus olhares ferinos
Não mais teu linguajar mesquinho
Não mais teus constantes ataques ao que hoje sou ou um dia fui

Apenas a paz da tua ausência
Apenas a paz me inunda
Apenas a paz prevalece enquanto tua vida se esvai entre meus dedos

Apenas a paz se mostra agora
Enquanto teu sangue me lava as mãos estendidas
Sobre teu pútrido corpo inerte

Obsessão

Minha carne, tua dor
Minha pele, teu calor

Meus pulmões, teu respirar
Meu coração, teu amar

Minha ferida, teu ódio
Tuas lembranças, meu ócio

Teus sonhos, meu pesar
Minhas vestes, teu andar

Em tuas lágrimas, meus lamentos
Minhas dores, teus tormentos

Meus inimigos, teus intentos
Tuas contendas, meus sofrimentos

Tu foste deste mundo a outro
Mas deixaste meu corpo a vagar
Minha mente há muito me deixou
Tua alma vem me acompanhar

E quando meus olhos se fecham
E minh'alma vai descansar
Tua mente assume meu corpo
Para os teus fins alcançar

Um dia fomos dois separados
Hoje ocupamos o mesmo lugar
Anseio pelo dia de minha morte
Quando tu hás de me abandonar

Cansa-me ouvir tuas ralhas
Destrói-me receber teus castigos
Inundam-me os olhos de lágrimas
Ao ver-te tirar-me os amigos

Aos poucos perco a identidade
A sanidade me levaste a tempo
O corpo será logo invólucro vazio
Pelo qual anseias sedento

Novamente caminharás neste mundo
Noutro corpo que há de guardar-te
Eu então poderei adormecer
E então serei eu a deixar-te

Paralisia

Estagnado...
Pairas sobre lembranças passadas como se não corresse o tempo
Como se para ti, nada passasse
Como se nunca tivesse acabado...

Deixas para trás tua própria existência
Esquece-te do presente
A lamentar-te o que há muito perdeste por tua própria ignorância

Ficas aí, parado
A culpar e caçar culpados
A ferir por feridas tuas que há muito já teriam cicatrizado
Não fosse claro tua mão ligeira a abri-las com a navalha de teus pensamentos

Foges da verdade
Ignoras a realidade
Simplesmente por que não te satisfaz a idéia de não ter mais o que queres
Não aceitas, fechas as mãos para conter o que há muito já escorreu por entre teus dedos fracos

Brigas contra a vida quando a vida há muito te deixou brigar sozinho
Bates no vento
Feres a sorte que, não fosse tua amargura, já poderia ter-lhe batido à porta...

Tola criança da luz
Tolo é o que tu és
Tolo...
Pura e simplesmente um tolo que há muito deixou a vida
Não para entrar para a eternidade
Mas para alimentar-se de ódios contidos
Apoiar-se em tuas frases feitas
E viver de história...



Para ver se enfim me entendes e deixa partir de vez esta alma de amor acabado. Para ver se lendo minhas linhas, entranham-se em teu coração minhas palavras e motivam-te a finalmente abandonar-me por completo e seguir tua vida para onde quer que ela te leve, com a certeza de que ela jamais te levará novamente até mim.