terça-feira, 27 de novembro de 2007

Rosa Ambígua II

Eis o perfume da rosa
Tão doce é a rosa a me inebriar
Tão doce é o cheiro da rosa a me levar
Por sobre os campos de rosas em sonho

Se quero a rosa, desfaz-se
Em pétalas chove em meu caminho
Fugindo da estrada onde piso
Como se apenas me quisesse o olhar

Se desisto do olhar da rosa
Mais bela que nunca se mostra
Tão perto e tão bela rosa
Que dá medo de tocar

Talvez não seja para toque
Talvez só olhe a rosa a bailar
Talvez eu fique esperando pra sempre
Que um dia a rosa me venha tocar

Talvez para sempre eu a veja
Perdida no espaço
Desfeita no vento
No tempo da rosa

Talvez no sempre eu encontre
Pra sempre minha rosa
Tão minha, tão doce
Tão sempre uma rosa a vagar

Talvez seja minha no tempo
E no tempo que é meu
Talvez chegue em meu tempo
O momento da rosa

Talvez seja sempre do mundo
E ao tempo pertença o momento
E ao vento pertença minha rosa
Que o tempo há de apagar.

Quem sabe os rumores do tempo
Os caprichos do vento
Quem conhece os caminhos
Ou o destino da rosa a valsar?

Quem sabe da rosa das rosas
Se pra minha rosa
O vento e o tempo
Não vão conspirar?

Da rosa apenas o perfume
O valsar e o lume
De suas pétalas doces
E seu pecado ingênuo a dançar

Da rosa é o momento
É incerto
E somente essa rosa
Saberá onde e quando quer estar.

De mim?
Sou poetisa da rosa
E da rosa das rosas
Me resta somente aguardar

Em versos
Em tempo
Em rosas
Esperar de minha rosa o que a rosa quiser esperar.

Entendas, poeta, o que bem entenderes
E se não entenderes, que posso fazer?
O coração tem seus caminhos e embrenha-se quer eu queira quer não, quer mesmo eu lhe dando ou não dando atenção.
Que se entenda que o deixo correr solto. Não mais o prendo, não mais o regro.
Tampouco me regram os desatinos que este coração sem rumo vá cometer.
Separou-se de mim este tolo, vive sozinho e é teu. Entregou-se por que bem quis, não mando mais nele nem quero saber.
Se quiseres, lança-o fora onde bem desejares jogá-lo. Não me importo. Não mais dependo dele para nada.
Se quiseres, toma-o para si e cuida-o, ainda assim seguirei meu caminho.
Acompanha-me apenas o bem que este coração arredio me quiser trazer. Além disso, mais nada me faz, já não sofro mais, entenda o que quiser entender ^^

Rolo

Estranho destino tosco
Que faz insosso meu conquistar
Dá-me tudo que quero
Quando não espero nem chance encontrar

Brinca com minha alma
E faz perdido meu caminhar
Tira-me a pouca calma
Nos desencontros de seu andar

Traça-me caminhos tortos
Que muito longe me vão levar
E quando menos espero
Faz-me uma curva e onde vai dar?

Tão perto de minhas metas
Que ainda esperta, receio tocar
Confunde-me , não sei se durmo
Ou se, desperta, insisto em sonhar

Gritam-me tão doces sonhos
Tão alto e claro... São tão reais...
Perde-se minh'alma insana
Já sem reparo... Sonhou demais!

Olho tão bela imagem
Meus lindos sonhos, tão perto de mim
Acho que se não abraço
Nunca mais os vejo tão perto assim

Medo, receio, impulso
Tão forte o pulso, descontrolado
Desta vez me sai pela boca
Este meu coração tão desmiolado

Miolo! Ainda o tenho
Teu desempenho terá de superar
Passar por tanta barreira
E sem mais asneira, raciocinar

Controla esse desesperado
Antes que o pior venha acontecer
Segura o coração no peito
Por que deste jeito hei de perecer

E pensa, como nunca pensa
Pensa bem sujeito no que vais fazer
Pois essa é chance sem "Grapete"
Essa não repete se você perder...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Silêncio

Cuidado com o que me pedes
Se me queres o silêncio
Silenciar minhas palavras
Tira-te o dom de conhecer-me os planos

Os intentos que se calam
Podem ainda cumprir-se plenos
Certamente desimpedidos
Sorrateiros no silêncio que lhes cerca

Pode ser o meu silêncio
A tranqüilidade de teus dias
E a proteção de meus passos
Que nos hão de separar para sempre

Pode ser o meu silêncio
A música atual dos teus ouvidos
Mas certamente sentirás falta de minha música
Exatamente quando não mais puder ouví-la

Sou como o som, como o vento
Sou também como o tempo
Passo tão breve quanto a vida
Tão doce quanto a melodia de minha voz

Mas se calas meus sentimentos
Calas minhas verdades
Calas com isso minha passagem
E quando eu me for, não perceberás

E em dia que deres por conta
Somente o teu silêncio tão amado
Cercará tua alma
De solidão e ausência minha

E no dia que deres por conta
Muito longe de ti estarão meus passos
Tão longe de ti estarão meus passos
Que somente o teu silêncio me encontrará

Nação

Nação é mais que país
É mais do que pátria
À guerra chamada

Nação não é só terra
Não é só bandeira
Nem só armada

Nação é mais que governo
É mais que voto
Mais que opinião

Nação é mais que hino
É mais que história
É mais que emoção

Nação é o povo que sofre
O povo que vota
O povo que crê

Nação é o povo unido
Num só corpo tão sólido
Que a gente até vê

Nação é o povo faminto
O povo que pede
Por educação

O povo que clama pedindo
Que seus governantes
Escutem a razão

Nação é o povo bem vindo
Com festa, com glória
E história pra contar

Nação é esse povo tão lindo
Que mesmo sofrido
Ainda sabe cantar

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Dona de Mim

Quero construir meu reino
Quero ser quem sou
Quero ter um lugar meu
Onde ninguém me machuque mais

Quero liberdade
Quero ser feliz
Quero um lugar só meu
Onde eu possa viver em paz

E pouco me importa
Se ninguém se importa
Com o que a gente pode
Com o que a gente faz

So a gente sabe
O que a gente sabe
O que a gente sente
E do que é capaz

Qualquer dia desses
Esse povo foge
Com medo da gente
E do que a gente é

Por que um dia desses
Eu vou ser tão grande
Que esse povo foge
De me ver de pé

Qualquer dia desses
Esse povo entende
Que no fundo de mim
Existe um ser igual

Qualquer dia desses
Esse povo aceita
Esse povo enxerga
Que eu sou só normal

Mas pouco me importo
Se esse povo vê
Se esse povo liga
Pro que eu sigo e sou

Pois pouco me importa
Se alguém me segue
Se alguém comigo
Vai pra onde eu vou

Eu sigo sozinha
Um caminho extenso
Um caminho árduo
Pra onde quero estar

E sozinha sempre
Não importa quando
Não importa como
Eu sei que vou chegar

Se com minhas metas
Todas alcançadas
Eu ainda assim
Sozinha continuar

Vou me dar abraços
Vou me dar abrigo
Dividir comigo
O que eu conquistar

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Duelo

Ah Amor
Contra ti tenho lutado por toda minha vida
Chamam-te sublime, mas conheço-te bem
És o pior dos rivais que pode ter o homem

Feriste minh’alma
Até que nela não habitasse nada além de dor
Lançaste sobre mim tua companheira e maldição
E como cão sarnento, lazarenta, a solidão me morde

Persisti
E ante minha vontade de viver, te enraiveceste
Jogaste ainda mais de tua fúria em meu corpo exangue
Até que meus joelhos se dobrassem, feridos pelo árido de teu chão

Dobraste-me
Sobre meu próprio corpo fizeste-me cair exausto
E mesmo em meus suspiros finais esforço-me
Para ainda não deixar-te invadir-me o peito destruído

Chega meu fim
Por tuas mãos ditas bondosas sei que morrerei
Mas quando cravar-me o peito a tua lâmina de morte
Vencer-te-ei morrendo antes que me invadas

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A poesia nunca morrerá...

...enquanto houver de pé um poeta
Enquanto em meus pulmões entrar o ar
Enquanto um poeta respirar
A poesia, sua amada, não morrerá

O sangue da poesia é o do poeta
Que corre nas veias de palavras
É sangue feito de versos
De estrofes, poesias, de espadas

Enquanto viver o poeta
Enquanto seu sangue correr
Palavras se criarão, poemas
A poesia não há de morrer

E quando morrer o poeta
E seu sangue pela terra se espalhar
Dele brotarão lindas flores coloridas
Que outro poeta hão de criar

E enquanto viver um poeta
Enquanto morrer um poeta
Enquanto houver um poeta
Ou um poeta puder se criar

Enquanto houver um poeta
Enquanto viver o poeta
Enquanto pensar o poeta
A poesia não morrerá

domingo, 18 de novembro de 2007

Mestre de Mim

Quem te deu teus dons?
O Deus Todo Poderoso
A me dar um anjo
Para guardar meus passos?

Quem te deu teus dons?
O temível Lúcifer
A tentar-me a alma
Pelo caminho de tua melodiosa voz?

Para que esta tua magia?
Para inebriar-me o coração
Povoar-me a mente?
Preencher-me o espírito?

Para que esta melodia?
Para inspirar-me ao lírico?
Soltar-me a alma?
Encher-me de sonhos?

Quem tu és?
Mestre de minh'alma
Dono de meu coração
Encantador de minha mente

Quem tu és
Já não me importa
Sirvo-te apenas
Mestre de mim...

Soneto

É triste o tormento
Que tua ausência me traz
Infeliz por demais
Tenho apenas sofrimento

Alma solitária a caminhar
Seguindo traços apagados
Avisos atrasados
De onde estivestes a passar

Tristes são meus passos soturnos
Melancólica face inebriada
Pela sombra de grande pesar

Tuas palavras, alegria minha
Deixaram-me a carregar pesadamente
O dom e maldição de te amar

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Anjo Meu

Ainda vejo teus olhos.
Ainda sonho com eles, anjo meu.
Ainda os vejo perdidos
Em teus momentos finais.

Ainda relembro tua face.
Vejo-te chorar em meus braços, anjo meu.
Ainda choro contigo
Cada vez que me lembro de ti

Ainda me vejo perder-te.
Ainda o vejo ferir-te, anjo meu.
Ainda vejo esvair-se entre meus dedos
Tuas lágrimas brilhantes, impregnadas de vida.

Ainda sangro em minhas lágrimas.
Ainda choro por ti, anjo meu.
Ainda derramo meu sangue
Em função de tua partida prematura.

Ainda vingo-te
Ainda o mato, anjo meu.
Posso nunca mais ter-te de volta
Mas também não viverá quem te tirou de mim

Ainda vingo-te
Ainda destruo teu algoz, anjo meu.
Nem que para o beijo frio da morte alcançá-lo
Ela me tenha de beijar primeiro.


Victorius Mcnight (RVtS - Lia Martins)

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Frio

Frio
Só o que sinto

Frio é o teu olhar e meu semblante
Frio é o ambiente que nos acolhe
Frio está meu corpo e o teu corpo frio
Já não é mais o que era antes

Frios são meus pensamentos
Frias são minhas palavras
Frias são minhas linhas e minha poesia fria
Já não é mais o que era antes

Frio é o dia que amanhece
Fria e a noite que escurece
Frio está meu sol e minha lua fria
Já não é mais o que era antes

Frias são as mudanças
Frios são meus atalhos
Frio o caminho que trilho entre o gelo frio
Que me cobriu a alma errante

Frio que invadiu minha vida
Frio que me congela todos os dias
Frio que vêm destes teus olhos e olhares frios
Que já não falam como antes

Frio que tu me mandas
Como se o frio com que tu me congelas
Fosse curar-me o frio das feridas que eu já tinha frias
Em meu coração de pedra e gelo.

A cor de meu canto sem cor

Se meu canto tivesse cor
Se falando de meu amor
Seria vermelho o meu canto

Vermelho como meu coração
Que mesmo no peito rasgado
Debate-se e bate ainda vivo

Se meu canto tivesse cor
Se falando de meu rancor
Seria cinzento o meu canto

Cinzento do cinza das nuvens
Que relampejando chuvosas e bravas
Derramam sua fúria em límpida água

Se meu canto tivesse cor
Se falando do teu esplendor
Seria azulado o meu canto

Um azul feito o céu das manhãs
Portando um sol de brilho ofuscante
Qual o teu brilho quando passas

Se meu canto tivesse cor
Se falando de quando eu me for
Seria negro o meu canto

Negro de um negro de ébano
Um negro que carrego escondido
Nas profundezas de minha alma

Se tivesse cor o meu canto
Seria um encanto
Ver-me cantar

Mas dar cor à cor de meu canto
Pode trazer espanto
Muito mais que encantar

Escondo no fundo do canto
No fundo da alma
O que o canto me vem abrandar

E se a cor que se der ao meu canto
Mostrar o que nele escondo
Então ele há de assustar

Tempestade Pessoal

Sinto no frio do vento,
A se espalharem pelas folhas,
As gotas da chuva por vir

Molham-me a face tristonha
Misturam-se às lágrimas
Que me cobrem o rosto a chorar

Vejo o clarão dos relâmpagos
E ouço voar pelo céu
O som dos trovões

Som como gritos das nuvens

Juntando-se ao meu grito
Em um coro de tristeza e rancor

Vejo romperem-se os céus
A derramar sobre a terra
Uma chuva torrente de dor

Chuva que lava do solo
As impurezas do homem
Como quem limpa feridas

Chuva que como meu pranto
Lamenta a tristeza do mundo
Ante a devastação que o consome

Chora a natureza em chuva
Choro eu em lágrimas
Pelo mesmo maldito bicho homem.

Rosa Ambígua

Teu jeito ao mesmo tempo me encanta e me fere...
Como uma rosa...
A beleza e o perfume que inebriam a mente e o coração
Com espinhos a torturar o corpo

Não desisto de ver-te como uma rosa,
Tua beleza estonteante a enlaçar meus olhos
Teu perfume inebriante enfeitiçando-me os pensamentos
Como se teu rosto, egoísta, os quisesse a todos para si.

És perfeito como a rosa
O doce acetinado de tua voz melodiosa
A acarinhar-me os ouvidos e a mente
Tal como as pétalas da rosa em minhas mãos

Sedutor... Qual o carmim da rosa
Povoando-me os sonhos voluptuosos
Tingindo-os com o vermelho da rosa
Para que por todo o dia eu possa lembrá-los

És perigoso qual o caminho até a rosa
Na mesma voz que traz melodia
Viajam espinhos de ponta aguda
E que grande tormento me causam ao atingir-me

És triste qual o fim da rosa
Cada vez que te vejo partir
Vejo murchar a rosa em mim
Pela falta do amor de ti

Trazes em ti o equilíbrio da rosa
Do prazer da tua companhia adorável
À dor da tua indiferença certeira

Entre as dores e os prazeres que me causas, rosa minha
Não hei de desistir de tuas belas pétalas
Mesmo que me firam teus espinhos...



Ainda que venha a murchar e secar pétala por pétala a rosa que tanto busco, ainda que murcha e seca esteja sua beleza, ainda assim ela valerá o dissabor de cada espínho e cada gota de meu sangue que ficar pelo caminho.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Fogo

Lamento de triste agonia
Atravessa o frio da noite
Carregando a melancolia
Da dor que te é por açoite

Um grito de dor aparente
Um uivo de eco distante
Na alma a tristeza latente
No peito uma dor lancinante

Tua voz perdida no vento
Vem fustigar-me os ouvidos distraídos
Corta-me bruscamente o pensamento
O teu lamento pelos lares destruídos

Saio a buscar na floresta escurecida
Que animal tristemente uiva assim
Encontro tua face entristecida
Gritando tua dor ao universo sem fim

Lobo guardião das florestas e matas
Lamentas o desastre a te cercar
Os gritos das árvores vêm como vergastas
Teu coração atormentado flagelar

No fogo tantas folhas se consomem
Posso ouvir toda madeira a estalar
Conseqüências de atos desse bicho homem
Expandindo seu espaço sem pensar

Teus olhos expressivos tudo falam
Nem precisas o teu uivo continuar
E a fumaça que estas chamas muito exalam
Já nos começa a ambos sufocar

Nada posso contra o fogo já extenso
E sozinha sei que pouco posso salvar
Mas entendo o sofrimento tão intenso
Que teu coração pra sempre há de carregar

Foge para longe lobo triste
Foge deste fogo tão fatal
Foge, que lugar ainda existe
Onde não encontres tão fatídico final

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Paciência

Uma vida demorei para encontrar-te
Por toda esta vida eu te pude aguardar
Hoje que me impede de esperar-te
Outra vida eu pagaria para te amar

Que sejas livre pra buscar onde quiseres
Tua tão sonhada felicidade vá caçar.
Mas se um dia, relembrando-me, a mim vieres,
Saiba que eu sempre estarei a te esperar.

Não consigo imaginar um outro alguém
A ocupar aquele que é o teu lugar.
Se não sou tua, não serei mais de ninguém.
Ou te acompanho, ou sozinha quero estar.

Deixo aos Deuses a decisão do meu destino
Se o teu futuro me quiserem reservar.
Guardo em mim mais do que um simples desatino
E dou-me apenas o direito de sonhar...



Ao dono de meus sonhos... Não te importes.
Se te amo, te liberto a ser feliz!
Quero-te feliz de todo jeito, pois é tua felicidade que me alegra.
Mas se um dia tua felicidade voltar-se para mim, aqui estarei a receber-te...
Até lá, não se cobra impostos sobre sonhos, certo??? :)

Tradicionalmente À Lua

Tua luz vem buscar-me perdida em pensamentos
Vem trazer-me tua brisa noturna, teu toque suave.
Teu brilho vem cessar-me os tormentos
Vem lembrar-me de tua magia, como canto doce de bela ave.

Teu azul vem iluminar-me a noite escura
Vem mostrar-me que ainda olhas por mim.
Teu olhar faz-me esquecer a vida tão dura
Pergunto-me: quem te fez tão bela assim?

Que poeta não se inspirou no teu amor?
Qual de nós não se viu preso ao teu encanto?
Quem de nós não se abisma com teu fulgor?
Esplendor que nos provoca riso e pranto.

Tu que reges todo tipo de poesia
Venha a mim, com tua luz, venha banhar-me.
Oh linda e reluzente Lua que nos guia
Venha a mim, com tua beleza saciar-me.

Doce face da paixão mais intrínseca e pura
Em meus sonhos, e somente nos sonhos, posso tocar-te.
Doce símbolo do pecado e da candura
Algum dia hei de alcançar-te.

Poetisa

Castigo minha alma e meu corpo num constante pesar infinito
Noites e noites a fio não durmo
Olho e observo fria, o expressar de meu espírito aflito.
Para o seu desespero evidente, não ligo, eu assumo.

Olhos abertos para o mundo a enxergar o nascer e o pôr do sol
Letras, palavras, frases e páginas espalhadas sobre a cama desarrumada
Entranhas adentro alguns sanduíches, café manchando o lençol
O corpo há dias acordado ouvindo a alma desvairada

Sombrias escrituras maculadas de lamentos, dor e sofrer
Sentimentos que há tempos me acompanham macerando aos poucos minha mente
O corpo, como em transe, continua a escrever
O espírito grita desesperado em face do torpor iminente

Há tempos o sono eterno me ronda
Enquanto me abandona o sono simples e o sonhar
Logo a morte chegará como uma onda
Para este corpo exangue e sem forças afogar

Mas enquanto o fim definitivo ainda me evita
E a mente, intrínseca e freneticamente, continua a trabalhar
Faço ouvidos moucos ao que, louca, a alma grita
Mais e mais páginas continuo a empilhar

Confissão

Caminho
Em largos passos perdidos num vale de lamúrias e tristezas
Me perco. Entre lágrimas definho.
Vislumbro meus mais belos sonhos desfeitos em quadros de incertezas

Te amo
E amo e amo e como destruo os pulmões a gritar que te quero
E grito, em meus gritos te chamo
E choro minhas lágrimas de sangue ao ver que sozinha te espero

Eu corro
No caminho que antes trilhava entre passos de paz e calmaria
Tropeço, caio, quase morro
Entre as pedras que povoam aos montes meu caminho de agonia

Me jogo
Salto num salto, num pulo suicida, para morte em meu abismo profundo
Tão fundo, inundado, me afogo
Me deixo perder, afundar. Neste lago de minhas próprias lágrimas deixo meu mundo

Desespero
Grito em meu grito silencioso travado no fundo da garganta rasgada, corroída
Contenho minha voz, escondendo o desejo sincero
Desejo que come, machuca, repica esta minha alma despida, destruída

Eu choro
Por dentro minh'alma debulha-se em lágrimas e soluços desesperados de tristeza e, no entanto
Sorrio. Por fora sorrio e coro
Mostrando-te apenas minha fraqueza e o quanto me dominas ao passar com todo teu encanto

Te vejo
É tua visão que mantém vivo e batendo este meu coração cansado, exângüe
Teu rosto, teu cheiro, um lampejo
Tua imagem é o pálido e longínquo objetivo que ainda mantém correndo em minhas veias meu ralo sangue

domingo, 4 de novembro de 2007

Canis Lupus, Lupos, Lobo

Que há de mais belo que a liberdade de um lobo?
Seu correr sem destino pelas matas abertas, sua confiança no vento como guia...

Que há de mais belo que a astúcia de um lobo?
Seu faro invejável ao mais minucioso odor, sua precisão e rapidez de ataque...

Que há de mais belo que a fidelidade de um lobo?
Sempre atento à sua matilha, nunca deixando para trás um companheiro ferido e sem ajuda...

Que há de mais belo que a lealdade de um lobo?
Esperando até a morte por sua amada, entregando mesmo a vida por ela...

Que há de mais belo que um lobo?
Que há???
Seu uivar para a lua a ecoar em minha alma, a lembrar-me de que nasci livre, a mostrar-me que tudo é possível...

Que há de mais belo que um lobo?
Não há...
Encanto perfeito, lenda viva que as sombras e as folhas escondem deixando apenas a melodia de seu canto entristecido a tocar-nos profundamente a alma e aflorar-nos o mais selvagem instinto de liberdade sem limites...


Ao grande amigo de longas jornadas passadas e muitas jornadas futuras.
Ao grande companheiro que mostrou-me novamente quem eu sou.
Teu uivo ecoa pelo mundo, Lupos meu caro, e há de mostrar a muitos a verdadeira essência de vida no coração de todos nós!
Sois dádiva dos Deuses, bênção em nossas vidas e muito agradeço pelo presente que me oferece a Deusa: sua estimada companhia na jornada de minha existência.
Amplexos e desejos sinceros de felicidade e realização plena a ti, meu caro Filho da Sombra!
Que tua mensagem de vida se espalhe e cative os corações dos homens tão bem quanto o teu carisma nos consegue conquistar!
Mil bênçãos ao caro e estimado amigo.