sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A cor de meu canto sem cor

Se meu canto tivesse cor
Se falando de meu amor
Seria vermelho o meu canto

Vermelho como meu coração
Que mesmo no peito rasgado
Debate-se e bate ainda vivo

Se meu canto tivesse cor
Se falando de meu rancor
Seria cinzento o meu canto

Cinzento do cinza das nuvens
Que relampejando chuvosas e bravas
Derramam sua fúria em límpida água

Se meu canto tivesse cor
Se falando do teu esplendor
Seria azulado o meu canto

Um azul feito o céu das manhãs
Portando um sol de brilho ofuscante
Qual o teu brilho quando passas

Se meu canto tivesse cor
Se falando de quando eu me for
Seria negro o meu canto

Negro de um negro de ébano
Um negro que carrego escondido
Nas profundezas de minha alma

Se tivesse cor o meu canto
Seria um encanto
Ver-me cantar

Mas dar cor à cor de meu canto
Pode trazer espanto
Muito mais que encantar

Escondo no fundo do canto
No fundo da alma
O que o canto me vem abrandar

E se a cor que se der ao meu canto
Mostrar o que nele escondo
Então ele há de assustar

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