sábado, 29 de setembro de 2007

Melancolia

O poeta morreu!
Por que não fui eu?
Por que poupa-me a morte
Quando lhe anseio pelo beijo?

O poeta se foi!
Quisera eu ter ido em seu lugar
Mas nega-me a morte
Meu mais forte desejo

Assassinado!
Pois o tiro a queima roupa
Que calou tão bela voz
Por que não atendeu ao chamado de meu peito?

Está enterrado!
Triste fim que todo vivo rejeita
Por que não recai sobre mim
Já que serias bem vindo a meu coração desfeito

Calou-se seu pranto!
No entanto ainda choro
A pedir pelo fim ligeiro
Deste peito dilacerado

Fechou-se seu sorriso!
Pois o meu foi há muito perdido
Como também já se foi a alma
Por trás deste meu rosto encenado

Libertou-se bela alma!
Sorte a dela
Por que a minha ainda jaz presa
A meus grilhões de carne e osso

Subiu aos céus!
Que seja feliz
Por que a mim "inda" espera a vida
Ah... Este inferno terrivelmente insosso

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Amor Imortal

Minha doce amada perdida
Eis que, enfim, te reencontro
Porém, triste é o meu fim
E não mais me reconheces

Aproximar-me de ti foi difícil
Um tortuoso caminho
Que segui firme e fortemente
Apesar de todas as provações

Parte-me o coração congelado
Vislumbrar tamanho temor
Que toma o teu rosto, pálido
Ao reconhecer-me o olhar

Admito a dor infindável
Que me trás amargura e angústia
Ao ver lágrimas brotarem de seus olhos
Enquanto me tocas a face

Sinto em minh’alma esquecida
A dor que te corrói por dentro
Por creres que estaremos sempre separados
Por um abismo profundo e extenso

Por amor me ofertas a morte
E propões que morramos juntos
Esperando de Deus alguma clemência
Para que nos seja dada a eternidade da alma

Por amor te ofereço a vida
E proponho que vivamos juntos
Dou-te o elixir da imortalidade
E teremos a eternidade que desejares

Em um beijo o amor imortal
Faz-se imortal na verdade
Nas doces gotas da essência

Que nos faz amantes para sempre

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Tu e eu Eu e tu

Tuas insanas palavras
Ainda ecoando
Em meu triste e eterno escutar

Tuas ofensas mesquinhas
Ainda povoando
Meu constante e incerto pensar

Tuas mãos pesadas
Ainda impedindo
Meu suave e doce volitar

Teus pesadelos sombrios
Ainda se interpondo
Em meu frágil e infinito sonhar

Tuas frases de efeito
Me tirando o direito
Tolindo meu lírico expressar

Tuas ignóbeis regras
Que meu sentimento
Me impedem de externar

Tuas letárgicas leis
Que meu pensamento
Insistem constantemente em calar

Mas nem todos os teus fatos
Me poderão impedir
De continuar meu cantar

domingo, 23 de setembro de 2007

Tempo

Amigo, intento
Desejo, tormento
Tristonho, lamento
Cinzento, chuvoso
Vago, temeroso
Irmão, sempre em vão
És tu, sempre tu, oh tempo

Passante, cantante
Uivante, infante
Curando, secando
Tramando, armando
Inventando caminho
Onde não há pra trilhar
És tu, sempre tu, a vagar

Amando, sofrendo
Vivendo, aprendendo
Sentindo, iludindo
Entrando e saindo
Subindo, caindo
Abrindo e falindo
És tu, sempre tu, indo e vindo

Correndo, brincando
Curando e ferindo
Amargo, mentindo
Passando, fluindo
Atino repentino
Adormecido, desperto
És tu, sempre tu, incerto

Limpando as bobagens
Curando feridas
Terminando contendas
Mostrando as verdades
Saindo na madrugada
A cantarolar para sua amada
És tu, em tua eterna jornada

Irmão traidor
Curando dor com mais dor
Trazendo amargo à boca doce
Lágrimas aos olhos amantes
Tirando da criança a mãe
E dos jovens, os anciões
És tu, como um trem e seus vagões

Irmão consolador
Dando abrigo aos corações

Passando todas as ilusões
Dando chances aos fanfarrões
Dando ao poeta, inspirações
Ao doce cantar, mais canções
És tu, sempre tu, e teus chavões

Triste andarilho
Solitário, estribilho
Flecha cortante
No vento uivante
Flutuante, no centro
O universo inteiro a teus pés
És tu, sempre tu, sempre tu és

sábado, 22 de setembro de 2007

De Repente...

Andando pela noite
Deparo-me com a morte
Caminhando junto a mim

Os olhos da cobiça
Perseguindo meus passos rápidos
Desejando minha essência

Os braços do medo empurram-me
Numa corrida desenfreada
Em nome da sobrevivência

As sombras parecem mover-se
(Não... Não parecem! Se movem!)
Como se desejassem me parar

Procuro pela luz
O desespero me toma a mente
(Mas que droga! Onde coloquei as chaves?!)

E diante da porta de meu refúgio
Cercada pelas sombras vivas
Como que pela própria noite me vejo imobilizada

Da dor ao êxtase, ao nada
Sozinha na madrugada
Pergunto-me incessantemente:
_ Que diabos me aconteceu???

Da vida

A vida é uma viagem
É gente que vai
É gente que vem

A vida é uma tristeza
No cultivo da miséria
Que nos convém

A vida é um tanto doce
Ao sabor daqueles
Que sabem viver

A vida é um tanto amarga
Na boca de quem
Quer mais "ter" que "ser"

A vida é, de fato, um sonho
No amor perfeito
Que a mente constrói

A vida é, de fato, dura
Na solidão doída
Que nos corrói

A vida é um pouco de nada
Nas mãos de quem a tira
Sem culpa ou perdão

A vida é um pouco de tudo
De bem e de mal
Quer queira quer não

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Ausência

É vazio meu caminhar desde que sumiste
É triste
Chega dar dó de olhar a dor que em mim existe
É triste
Passos perdidos no vento intenso da solidão
É triste
Choram os olhos, a alma, o coração
É triste

Perdeu-se minha alegria de viver
É triste
E dentro de mim nada mais
Existe
Mesmo assim o corpo ainda
Insiste
Neste sofrido respirar
É triste

Sumiu de mim a energia
É triste
Perdeu-se também a alegria
É triste
Zombam de mim as gralhas do céu
É triste
E minhas lágrimas, tantas, já me fazem um véu
É triste

Nada mais sobra de mim
É triste
Nada mais existe em mim do que
Viste
E o corpo, perdido ainda
Resiste
A todo este sofrer em meu peito
É triste

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Meus erros

Acreditar...
É perder-me em lindas mentiras
Encontrar-te em meus sonhos profundos
Esquecer-me da realidade triste que me cerca ao acordar

É deixar de notar
Que sempre mentem os homens
Que sempre se iludem os corações
Que é esta a realidade de amar

É o simples permitir
Abrir minha mente às tuas palavras
Escutar teus versos e cantorias
Deixar-te mentir... E ouvir...

É cair
É falhar novamente em meus planos
É cometer novos enganos
É deixar a emoção fluir

Esquecer
Deixar se perderem as lembranças
Deixar sumirem as lições
Dar novamente ao amor a chance de crescer

É não ver
Trancar a sete chaves o pensamento
Dar à dor porta aberta em meu peito
Deixar novamente o amor renascer

É perder
É regar abundantemente a erva daninha
É arrancar pela raiz a planta frutífera
É deixar novamente o amor viver...

Hoje em dia

Um coração que sangra
Triste tenta retomar
As descompassadas batidas
O infeliz respirar

O cérebro reclama ao corpo
Grita, ordena a andar
As pernas e braços imóveis
Esforçam-se a levantar

Qual esforço que fazem
Os pulmões magoados, feridos
A puxar o ar que lhes falta
Ante os olhos entristecidos

Lágrimas a cobrir o rosto
A lavar as marcas do acontecido
A trazer lembranças e gostos
A molhar o chão enegrecido

Naquela tarde marcada
Naquela esquina escolhida
Outro pai de família
Agora deixava a vida

O suspiro final de cansaço
Desiste o coração partido
O pensamento no amor, nos filhos
Logo seria esquecido

Tudo por meia dúzia de notas
Levadas por um bandido
Aquele antes herói e amado
Agora seria reduzido

À mera coluna no jornal
À mera estatística do dia
E a mera história contada
Do avô que jamais seria...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ao meu coração...

Canta!
Canta, oh alma triste!
Mostra que em ti ainda existe
Forças para reclamar!

Sofre!
Oh coração sedento
Que deste sofrimento
Tu desejaste provar!

Sente
Toda a dor que causas
Quando por tuas causas
Decides me entregar!

Sofre!
Sente a dor do peito...
Tenhas mais respeito
Antes de te apaixonar!

Grita!
Agora tu reclamas!
Mas quando dizes que amas
Quem é que pode gritar?

Chora!
Pode derramar teu pranto!
Pode esconder-se em teu canto
Que hei de te ignorar!

Cala
Estes teus versos românticos!
Estes poemas e cânticos
Que ficas a entoar!

Cala
Essas paixões doentias!
Cuida mais, nestes dias
De para ti mesmo olhar!

Cega-te!
Finjas que não vês nada!
Pára de impor paradas
A este teu tímido andar!

Adiante!
Apaixona-te? Pelo vento!
Que é trabalho do tempo
Tuas feridas curar...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Vento

Ah vento...
Teus doces sopros
Cochichos suaves
De sentimento

Tuas lindas palavras
Tua música nos fios
Teu canto nas folhas
Teu lamento

O carinho que fazes
Como se a todos
Desejasse aliviar
O sofrimento

Tua brisa
Teus dedos frios
A levar da mente
Todo tormento

Ah amigo vento
Com tua música a passear-me a alma
De conversas intermináveis

E doces toques a dar-me calma

Peço ao divino em minhas palavras
Ah querido amigo vento
Que toda a amizade que me devotas
Não seja esquecida no tempo

Peço ao divino em minhas orações
Que nunca se cale tua linda melodia
Que traga sempre na pós-tempestade
Tua doce e serena calmaria

sábado, 15 de setembro de 2007

Tua Voz...

Enebriante... Quase enlouquecedora eu poderia dizer
Encanto melódico que faz volitar as almas ouvintes

Doce... Quase se pode sentir
O sabor de teus lábios a preencher cada palavra que dizes

Estonteante... Quase não posso manter-me consciente
Se este som continua, viajo e acho que jamais retorno a meu corpo

Extasiante... Quase como um vinho
A tirar-me o juízo da mente e tranqüilizar-me o acelerar do peito pulsante

Tocaste minh'alma
Inspiraste meus sonhos
Marcaste meus ouvidos
Com quão maravilhosa melodia...




E ainda existe quem tenha a coragem de dizer que não é linda...

De Volta

Deixei-te...
Deixei-te por teus modos insanos
Deixei-te por que não mais me fazias
Sentir a alegria dos amores que antes sentia...

Deixei-te...
Sem pensar deixei-te, esqueci-te
Mandei-te embora de minha vida
Ponderando pouco das conseqüências que viriam...

Deixei-te
Por teus lapsos, deixei-te
Apartei-me de tua estranha pessoa
Apartei-me de ti sem pensar

Hoje penso
Hoje a sanidade me retorna à mente antes obscura
Hoje tua presença faz-me falta sem tamanho
Hoje tua ausência faz insosso meu viver

Te lembro
Cada passo que dou, uma lembrança tua
Arrependo do dia em que te disse "vai-te"
Hoje grito para tu voltares...

Quero-te
Outra vez quero ter-te a aquecer-me o corpo
Outra vez quero teus lápsos, tuas estranhas maneiras
A alegrar-me os dias hoje tão normais e sem vida...


A ti querida amiga...
Que meus versos traduzam a tua vontade
Que minhas palavras tornem-se mensagens ao vento
E tragam de volta teu amor perdido...

Até

Perdeste!
Rio dentro de mim mesma de tua burrice
Jogas fora mãos que trariam a perfeição ao teu trabalho
Deixas fugir o melhor de teus achados

Quão imbecil é tua atitude
Qual eram todas as tuas ordens insensatas
Qual são tuas estúpidas mesquinharias
Qual será o teu insípido fim

Quão tola é a tua persistência
Em tuas idéias mirradas
Em tuas opiniões vazias
Em teus poucos galhos esturricados

Brotas em tristes e secas folhagens
Que nascem já mortas e daninhas
A tentar matar a todo broto verde que em tuas terras venha a nascer

Definhaste
E por tua autodestruição desejas o mesmo a outros
Mas esquece-te de que muito mais mundo há fora daqui
Do que tuas mãos ácidas podem controlar

Destruirás teus próprios frutos secos
Como hoje tentaste destruir-me
E algum dia verás meus frutos viçosos
A consumir-te em tua inveja repugnante e eterna.




Àquele que tirou-me a oportunidade de florescer arrancando-me ainda broto de seu solo deveras seco e infértil.
Que seja, tolo insensato! Tu hás de plantar neste solo as flores secas de tua própria sepultura.

Te ordeno

Domina-me!
Corrói-me de uma vez, amor maldito!
Destrói de uma vez este peito
Que anseia pela hora de morrer

Termina!
Acaba logo o que começaste amor maldito!
Arranca-me o último sopro de vida
Tira o sangue de minhas veias de vez

Apressa-te!
Tortura-me menos neste assassinato, amor maldito!
Se tiveres de levar-me, leva-me logo
Pra que eu não perceba o que deixo para trás

Finaliza!
Termina com esta existência vazia, amor maldito!
Decepa-me a vida antes que a força me volte
Mata-me antes que eu queira reagir

Não andes, corra!
Por que se eu levantar-me deste chão frio, amor maldito
Hei de exorcisar-te de minhas entranhas
Para que nunca mais voltes a habitar-me o coração

Teus beijos

O doce sabor dos teus lábios que ainda sinto nos meus
Enlouquece estes olhos pregados na dança dos teus cabelos
Bem como o encanto de tua voz a flutuar no vento
Tira o juízo de meus pensamentos já insanos por natureza

Paira no ar o teu perfume
A inebriar-me as palavras enclausuradas na garganta
Declarações de amor que engulo
Secas como as folhas das árvores em tempo de outono

Sinto-o todo o tempo a acompanhar-me
Encravado nas fibras do tecido de minha roupa
Como se comigo eu carregasse a todo segundo
Um pedaço de ti... Junto a mim...

Me pego a sonhar com teus beijos
Que antes já tive aos montes
Mas sabes tu como são as coisas de valor
Quando as queremos, somem, nos deixam

Espero, anseio, pelo dia em que possa tê-los de volta
A zombar de minhas palavras, calando-as
A caçoar de minha poesia, chocando-a
Com atos que hão de inspirá-la por anos e anos e anos...



Podemos dizer que ando meio... inspirada...

Fim

Não mais
Não mais a dor de outrora
Não mais o sangue a escorrer-me pelo corpo inerte e lavado de minhas próprias lágrimas

Não mais a insípida sensação de perda
Não mais o gosto amargo da derrota
Não mais a tua presença constante a atormentar-me os sonhos juvenis

Não mais a tua voz a cortar-me os ouvidos
Não mais tuas palavras mentirosas
Não mais tuas declarações sem verdade entranhando-se em minha alma ou em meu coração

Não mais teus olhares ferinos
Não mais teu linguajar mesquinho
Não mais teus constantes ataques ao que hoje sou ou um dia fui

Apenas a paz da tua ausência
Apenas a paz me inunda
Apenas a paz prevalece enquanto tua vida se esvai entre meus dedos

Apenas a paz se mostra agora
Enquanto teu sangue me lava as mãos estendidas
Sobre teu pútrido corpo inerte

Obsessão

Minha carne, tua dor
Minha pele, teu calor

Meus pulmões, teu respirar
Meu coração, teu amar

Minha ferida, teu ódio
Tuas lembranças, meu ócio

Teus sonhos, meu pesar
Minhas vestes, teu andar

Em tuas lágrimas, meus lamentos
Minhas dores, teus tormentos

Meus inimigos, teus intentos
Tuas contendas, meus sofrimentos

Tu foste deste mundo a outro
Mas deixaste meu corpo a vagar
Minha mente há muito me deixou
Tua alma vem me acompanhar

E quando meus olhos se fecham
E minh'alma vai descansar
Tua mente assume meu corpo
Para os teus fins alcançar

Um dia fomos dois separados
Hoje ocupamos o mesmo lugar
Anseio pelo dia de minha morte
Quando tu hás de me abandonar

Cansa-me ouvir tuas ralhas
Destrói-me receber teus castigos
Inundam-me os olhos de lágrimas
Ao ver-te tirar-me os amigos

Aos poucos perco a identidade
A sanidade me levaste a tempo
O corpo será logo invólucro vazio
Pelo qual anseias sedento

Novamente caminharás neste mundo
Noutro corpo que há de guardar-te
Eu então poderei adormecer
E então serei eu a deixar-te

Paralisia

Estagnado...
Pairas sobre lembranças passadas como se não corresse o tempo
Como se para ti, nada passasse
Como se nunca tivesse acabado...

Deixas para trás tua própria existência
Esquece-te do presente
A lamentar-te o que há muito perdeste por tua própria ignorância

Ficas aí, parado
A culpar e caçar culpados
A ferir por feridas tuas que há muito já teriam cicatrizado
Não fosse claro tua mão ligeira a abri-las com a navalha de teus pensamentos

Foges da verdade
Ignoras a realidade
Simplesmente por que não te satisfaz a idéia de não ter mais o que queres
Não aceitas, fechas as mãos para conter o que há muito já escorreu por entre teus dedos fracos

Brigas contra a vida quando a vida há muito te deixou brigar sozinho
Bates no vento
Feres a sorte que, não fosse tua amargura, já poderia ter-lhe batido à porta...

Tola criança da luz
Tolo é o que tu és
Tolo...
Pura e simplesmente um tolo que há muito deixou a vida
Não para entrar para a eternidade
Mas para alimentar-se de ódios contidos
Apoiar-se em tuas frases feitas
E viver de história...



Para ver se enfim me entendes e deixa partir de vez esta alma de amor acabado. Para ver se lendo minhas linhas, entranham-se em teu coração minhas palavras e motivam-te a finalmente abandonar-me por completo e seguir tua vida para onde quer que ela te leve, com a certeza de que ela jamais te levará novamente até mim.

Parasita

Ah... Criatura maldita...
Ignóbil e mórbido corpo frio a deitar-se cada dia ao lado de novo hospedeiro
Insosso serzinho imbecil de pouca inteligência e muito disfarce
Insípido, corrupto, inerte cérebro pouco pensante e muito falante

De que adiantam teus olhos?
Tão belas janelas de tua alma podre
Qual margens de um rio poluído por tua própria ignorância e estupidez

De que adianta tua beleza?
Tão doce expressão, tão bela
Face enganadora que esconde o monstro que tens dentro de ti

De que adiantam tuas palavras?
Tão doce melodia vazia
Abstersas de verdade ou virtude de qualquer espécie...

De que adianta teu calor?
Corpo quente de movimentos leves
Macios carinhos entorpecedores da mente sã
Carinhos que cegam os olhos curiosos a aproximarem-se de tua verdadeira face

Tu que te dizes tudo
Tu que te mostras perfeito
Tu que te enches de virtudes e inunda o olhar leigo e inocente com imagens de ternura e magnificência

Tu és nada
És alma pútrida descartada
És apenas fonte inesgotável
Dos detritos que exalas

Quem dera a manhã te fechasse os olhos
Ao invés de dar-lhe a chance de abrí-los
Quem dera o sol se cansasse da tua face mesquinha
Tanto quanto se cansaram dela os meus olhos
Quem dera a vida se enojasse do teu corpo
Tanto quanto se enojaram as mãos que o tocaram
Quem dera ela te abandonasse
Livrando o mundo de tua funesta presença


Para sempre lembrar-me de ti e das tuas falcatruas.

Para que eu nunca me esqueça do que tu me fizeste e de quem tu és, por que outras que aqui venham podem não entender meu alerta, mas tu e eu entendemos o que aqui escrevi...
Eu venci o vazio de teus olhos...
Eu quebrei uma a uma as tuas máscaras...
Eu revelei teu verdadeiro rosto. Tu o sabes e para mim isto basta.
Posso arrepender-me da caçada, meu caro, mas sabes que fui bom predador. Eis aí o objetivo final: máscaras quebradas, teu rosto é vazio tanto quanto tua alma.

Deixa-me

Pois de uma vez
Vai-te!
Abandona este corpo que não mais te pertence
Deixa para trás este invólucro pesado que um dia te conteve
Vai-te!
Esquece-te, pois, de que um dia habitaste estas vestes mundanas
Deixa-me e parte de uma só vez
Por que é chegado o momento de voar
É chegado o momento de usar as asas que há muito espremeste dentro desta gaiola de ossos e carne
É tempo de verdes de que tua essência é realmente capaz...
A mim?
Dá-me apenas uma caixa de madeira
E um negro e escuro canto de terra
Dá-me apenas onde descansar os ossos senis que te carregaram cativa tantos anos
Dá-me apenas a consideração de algumas flores
Dá-me apenas o último adeus
Depois te vai e me deixes para nunca mais voltares
Por que não mais estarei a esperar por ti.

É que te amo... Somente isso

Meu amor por ti é sereno e sem anseios
Qual o céu a acarinhar com o orvalho da manhã as folhas da mata sem pretender o beijo doce das flores ou o sabor envolvente dos frutos

É prudente qual o tratador de um bonsai
Mantendo sempre podadas as raízes para que seja saudável e controlado o crescimento de sua obra

O meu amor por ti é calmo, pacífico
Qual as águas de um largo rio a caminhar lentamente por seu leito, adaptando-se com perfeição aos limites das margens e superando todo obstáculo em seu caminho

É lutuoso qual triste melodia a penetrar-me a alma e invadir-me numa turbamulta de lembranças tuas

É silencioso qual soturna sombra a misturar-se à escuridão da noite e observar-te... Admirar-te ao longe...

É paciente qual a semente minúscula e frágil, esperando o tempo certo e necessário para tornar-se um frondoso carvalho, forte e robusto, carregando em seus galhos décadas... Talvez séculos...

Meu amor por ti é puro, simples e claro
Qual água cristalina a revelar-te meu interior expondo a ti meus mais profundos sonhos e mais ocultos segredos

Por este amor é que tu me conheces mais do que eu mesma
Por que meu amor é para ti - e somente para ti - janela aberta em minh'alma
E por esta janela aberta em meus olhos podes ver o quão feliz tu me fazes
O quanto me alegra a tua voz, o teu jeito...
O quanto me satisfaz tua simples presença...

Porquanto hei de esperar-te
Por tudo o que me fazes sentir, hei de esperar
Darei ao tempo mais tempo para pensar
Guardarei meu amor por ti no mais seguro dos lugares - Lugar onde somente tu podes entrar...
Dar-te-ei a chave deste "cofre-coração"
E esperarei como quem certa o dia em que desejes abri-lo.


Tu tens inspirado minha poesia...
Tu me acordaste novamente...
Pelo tempo que o destino assim quiser
Te amo...

A ti... Meu Poeta

Ah poeta... Poeta...
Tu que me fazes sonhar
Tu que me tiras o fôlego
Tocando-me apenas com tuas palavras

Ah poeta... Meu poeta...
Tu que me tiras a sanidade
Tu que me guias por tortuosos caminhos
Até tuas majestosas paisagens imaginárias

Poeta, meu poeta
Tu que me fazes perder o juízo
Tu que me soltas à alma
Engaiolada este invólucro carnal medíocre

Poeta, meu amado poeta...
Tu que me renovas a vida
Tu que dás ordens ao meu corpo
E fazes voltar a correr em minhas veias o sangue que há muito parara

Tu, oh meu poeta
Tu que me fazes esquecer velhos tormentos
Tu que me curas velhas feridas
Sanando dores que pensei não terem mais fim

A ti, a quem devo o que sinto
A ti, meu poeta, meu amigo
A ti, meu amor escondido
Deixo minha vida e minh'alma

A ti, doce bardo das noites
A ti, canora ave dos deuses
A ti o melhor dos meus dias
E o melhor dos vinhos num brinde à tua eternidade...

Ao querido Poeta Negro...