quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Hoje em dia

Um coração que sangra
Triste tenta retomar
As descompassadas batidas
O infeliz respirar

O cérebro reclama ao corpo
Grita, ordena a andar
As pernas e braços imóveis
Esforçam-se a levantar

Qual esforço que fazem
Os pulmões magoados, feridos
A puxar o ar que lhes falta
Ante os olhos entristecidos

Lágrimas a cobrir o rosto
A lavar as marcas do acontecido
A trazer lembranças e gostos
A molhar o chão enegrecido

Naquela tarde marcada
Naquela esquina escolhida
Outro pai de família
Agora deixava a vida

O suspiro final de cansaço
Desiste o coração partido
O pensamento no amor, nos filhos
Logo seria esquecido

Tudo por meia dúzia de notas
Levadas por um bandido
Aquele antes herói e amado
Agora seria reduzido

À mera coluna no jornal
À mera estatística do dia
E a mera história contada
Do avô que jamais seria...

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