domingo, 28 de outubro de 2007

O Último

Quando eu morrer
Me enterre de pé
Deitada, de lado
Faça o que bem quiser

Divida meu corpo em pedaços
Deita meu corpo ao mar
Dá meu sangue a meus inimigos
Doa-me a quem precisar

Só não me faça mausoléus
Nem de madeira nem de pedra
Não quero lápide nem quero cruz
Não quero nada que o tempo quebra

Quero música em meu velório
Quero dança, quero canções
A nenhuma lágrima se permita cair
Não suporto lamentações

Quero alegria, quero piadas
Risos e felicidade
Antes comemorem honestamente minha partida
Que a lamentem em choros sem verdade

Quero docinhos, comida farta
Quero festa a valer
Comemorem amigos de fé
Já não estou entre vós a sofrer

E quando cessar o canto
Cessar o pranto e a despedida
Que só reste em seus corações
Os bons sentimentos que tive em vida

E quando lembrarem de mim
Que seja de sorrisos e traquinagens
Que lembrem o mais belo de meus tempos:
A velha infância das molecagens

Se me atenderem a estes pedidos
Pouco me importa que fim vá levar
Meu corpo morto, só casca vazia
Eu mesma estarei livre para voar.

Nenhum comentário: