Meu pesadelo começa
No momento em que me levanto
A realidade me aborda como um corvo
De negras penas e temível canto
Um dia sem luz me espera
Repleto de dor lancinante
Encaminho-me para mais um dia
Como um corpo, um cadáver andante
São tantas as farpas da vida
Que já não mais me ferem
São tantos sofrimentos agendados
"Que façam fila e que me esperem"
As horas se arrastam agarradas
Aos ponteiros que recusam-se a andar
Os segundos se empilham lentamente
Em minutos que se esquecem de passar
Quando a cama me chama
Noutro tardio anoitecer
Deito-me já sem forças
Em instantâneo adormecer
E se pensas que enfim descansa e sonha
Esta alma cansada de sofrer
Digo-lhe que já não tenho sonhos
Pois já pesa-me muito o fardo de viver
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