domingo, 13 de dezembro de 2009

Finda de ti

Não é meu o peso das tuas escolhas nem tenho de defender-te dos inimigos que tu cultivas
Não cabem aos meus pés os espinhos do teu caminho nem são minhas as pedras que tu encontras.
Não são meus os obstáculos que tu criastes nem tenho que transpô-los por ti.
Não tenho que livrar-te de todo mal nem tampouco é minha a responsabilidade dos teus atos.

Não tomo pra mim teus conceitos nem são da minha língua as tuas palavras
Não hei de pagar teus pecados nem cumprirei as penas pelos crimes que cometes
Não há de serem meus os tostões que vão pagar pelas dívidas que tu fizeres
Nem serão de minhas mãos as mordidas que vão dar as cobras que tu criares.

Tu fazes teus caminhos e tuas escolhas e são teus os resultados que alcançares
Tu plantas as sementes do vento que quiseres, mas serão teus os furacões e tempestades
Tu crias tuas cobras e dá-lhe asas, e não venha chorar-me quando lhes sentir o veneno
Não luto mais tuas lutas, tuas batalhas, não choro mais as dores de feridas que não me pertencem

Eu tenho meus caminhos, minhas dores, minhas feridas, meus amigos e inimigos
Eu tenho meus carinhos, meus rancores, meus amores, minhas lutas para perder ou para ganhar
Eu tenho minha vida, minhas escolhas, meus sonhos, meus fracassos, vitórias e decepção
De agora minha espada, armas e escudo hão de defender apenas o meu próprio brasão.

Não meto-me mais com sentimentos alheios que não me pertencem em forma ou criação.
Não choro mais lágrimas alheias nem sorrio sorrisos que não me cabem na face.
Não hei de ferir por ninguém a outrem nem tampouco tomar-lhe tuas dores.
Tu crias teus caminhos e hás de tomar para ti os teus próprios dissabores.

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